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Podcast 663 – Louis Menand: Arte, pensamento e ideias durante a Guerra Fria

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Colaborador da revista The New Yorker e professor na Universidade de Harvard, Louis Menand é o entrevistado no episódio da semana do Podcast Rio Bravo. Na conversa, ele fala a respeito de “Free World”, ainda não editado no Brasil, obra que trata de quando, no século XX, os EUA se estabeleceram como influência cultural no mundo. Além de comentar o processo de escrita, o autor também fala da posição dos Estados Unidos no contexto da política internacional.

Tendo em vista o tema do livro, quisemos saber de Louis Menand se ele tinha a impressão de que as conquistas artísticas e intelectuais do pós-Segunda Guerra Mundial estavam se perdendo junto aos leitores e escritores mais jovens. A resposta não poderia ser mais conclusiva: “Tive a oportunidade de ministrar um curso sobre os autores que estão contemplados no livro e os alunos ficavam muito animados em relação às aulas, uma vez que não sabiam tanto a respeito dessas figuras”.

Esse é um aspecto importante. Para capturar um momento decisivo na história cultural dos EUA e do mundo, “Free World” passa em revista a trajetória intelectual de personagens distintos e fundamentais do século XX, do ativista político Tom Hayden, que o público brasileiro pode ver no filme “Os 7 de Chicago” (dirigido por Aaron Sorkin e disponível no Netflix), ao escritor James Baldwin, autor cuja obra tem sido lançada por aqui pela editora Companhia das Letras (para além disso, Baldwin é o protagonista de um documentário que teve bastante repercussão por aqui, “Eu não sou seu negro”, dirigido por Raoul Peck).

Ao falar sobre a dificuldade de elaborar uma narrativa em torno de personagens tão maiúsculos daquela época, Menand destaca o seguinte: “Adoto um método bastante peculiar, que é o de não fazer um esboço dos capítulos – porque penso que isso limita minha criatividade como historiador. Então, eu deixo que o material de minha pesquisa ditar o caminho que devo trilhar”, explica o autor.

Um conceito conhecido na teoria das Relações Internacionais é o de soft power, que, em linhas gerais, diz respeito ao poder das ideias e de como elas são capazes de influenciar os comportamentos dos demais atores no contexto internacional. Embora o livro de Louis Menand não seja um ensaio sobre a globalização ou segurança nacional, a idea de soft power está presente. Nesse sentido, os EUA não apenas puderam se destacar das outras nações por conta da sua condição econômica e militar em relação à Europa e ao Japão, mas, também, aproveitaram as condições para intercâmbio cultural daquela época, porque havia maior circulação de bens culturais.

As muitas histórias que o livro traz provocam no leitor certa nostalgia de uma época tão rica em termos de experiências culturais e artísticas. A pintura importava. As pessoas se interessavam por poesia e literatura. A música se transformava. Será que essas manifestações ficaram isoladas naquele período? Ou, tal como perguntamos a Louis Menand, será que estamos paralisados no que se refere à produção cultural? “Os horizontes culturais hoje em dia não têm limites. É impossível saber tudo o que está acontecendo, seja na música, na literatura, ou nos produtos de streaming. Já nos anos 1950, por exemplo, era possível saber o que estava acontecendo. Por outro lado, não existem grandes obras hoje em dia, aquelas que todas as pessoas sentem que é necessário compreender. E isso difere dos anos 1950 e 1960, quando existia as grandes obras de arte, os grandes romances. Embora exista muita produção crítica hoje em dia, não há mais uma voz única que se estabeleça como autoridade ou que seja capaz de guiar o gosto das pessoas, que, basicamente, podem gostar do que quiserem. É um ambiente cultural totalmente diferente, o que muito bom, também, porque tudo está mais acessível, contempla mais gostos; no entanto, tudo parece mais do mesmo”.

Em outro momento da entrevista, Menand comenta a crítica que se faz ao excepcionalismo americano (que remete ao princípio de que os EUA são uma nação extraordinária com um papel a desenvolver na História da humanidade), sobretudo quando está ligado ao conceito de liberdade. Quisemos saber se a Guerra do Vietnã significa o início dessa tendência a criticar essa posição que os EUA assumiam em relação ao mundo. “A experiência do Vietnã serviu para que os norte-americanos questionassem essa ideologia, porque, na verdade, os EUA estavam praticando ali uma espécie de neocolonialismo. Nós estávamos agindo como um poder colonial. E foi ali que muita gente viu que o excepcionalismo era um mito que deveria ser abandonado”.

Nesse sentido, continua Menand, os recentes eventos no Afeganistão são a prova de que os EUA não entendem muitos desses países com os quais se relaciona no âmbito militar. “Nós acreditamos que podemos consertá-los para que sejam como nós, mas não conseguimos fazer isso”.

Mais para o final da entrevista, Louis Menand afirma que escreveu o livro durante a presidência de Donald Trump e, já na etapa da revisão, Joe Biden foi eleito. Nesse momento, o escritor comenta que foi possível relacionar o passado e o presente: “assim como aconteceu em 1945, momento em que as pessoas queriam virar a página, quando Biden foi eleito, no ano passado, pensei que esse poderia ser um momento de possibilidades criativas”.

A entrevista completa de Louis Menand ao Podcast Rio Bravo está disponível a partir do link acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo.

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