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Podcast 700 – Henrique Meirelles: “A grande crise do Brasil hoje tem raízes fiscais”

Na edição de número 700 do Podcast Rio Bravo, nosso convidado é Henrique Meirelles, que, depois de ocupar posições de destaque no mercado financeiro, teve a oportunidade de participar de governos de diferentes matizes ideológicos. Assim, se em 2003, fez parte da equipe econômica do governo Lula como presidente do Banco Central, em 2016, foi ministro da Fazenda do governo Temer e, entre 2019 e 2022, foi secretário da Fazenda no estado de São Paulo, quando fez parte da equipe que tomou decisões difíceis no contexto da pandemia. Em entrevista exclusiva ao nosso Podcast, Meirelles fala dessas experiências e defende aquele que pode ser considerado o seu principal legado na última década, o Teto de Gastos. 

No início do podcast, Henrique Meirelles recupera a sua última experiência no serviço público, como secretário da Fazenda do estado de São Paulo. Quisemos saber da passagem de bastão, uma vez que quem assumiu o posto foi Felipe Salto, que também foi nosso entrevistado no Podcast Rio Bravo há alguns meses. Ao falar da transição, Meirelles deixa claro o sentimento de dever cumprido: “Foi uma experiência muito boa, muito bem-sucedida. Concluí que havia terminado aquele ciclo, uma vez que o ex-governador (João Dória) havia deixado o cargo, assim como outros secretários também o fizeram, sobretudo aqueles que tinham interesse em outras áreas. Conversei com o governador Rodrigo Garcia e houve a conclusão de que o Felipe Salto é uma boa solução. Na secretaria, existem pessoas com experiência de muito tempo, no estado e no governo federal, de modo que consideramos que seria uma boa experiência contar com o Felipe Salto – com toda a trajetória dele, da Instituição Fiscal Independente”.  

Quisemos saber, então, se existe alguma medida ou decisão que o agora ex-secretário Meirelles lamenta ter tomado quando no governo paulista, ocasião em que viveu o tenso período da pandemia e do fechamento dos estabelecimentos comerciais. Henrique Meirelles responde assim: “Do ponto de vista da secretaria da Fazenda, foi tudo muito bem. Em 2020, no ano da pandemia, o PIB do Brasil caiu 4,1%; o PIB mundial recuou 3,5%; e São Paulo cresceu 0,3%. É extraordinário, porque nós tivemos crescimento num momento em que o mundo estava caindo por conta de uma crise séria.” Na sequência, Meirelles não perde a chance de explicar como é que isso foi possível. “Há uma conjugação de medidas econômicas, medidas de desburocratização e medidas de proteção à vida na pandemia. A economia de São Paulo teve um desempenho cinco vezes superior à média da economia brasileira”.  

Questionado se a população paulista está demorando para reconhecer esse esforço, haja vista a aprovação do ex-governador Dória e a posição de Rodrigo Garcia na tentativa de reeleição, Meirelles contemporiza. “Vamos aguardar até o final do processo, porque nem tudo é conhecido pela população. Em primeiro lugar, essas informações não estão amplamente disponíveis. Em segundo lugar, as pesquisas mostram uma boa avaliação do governo de São Paulo. E o governador Rodrigo Garcia é muito pouco conhecido”. Para Meirelles, o fato de Haddad (nome do PT para o governo paulista) já ter sido prefeito e candidato à presidência da República e o fato de Tarcísio Freitas (ministro de Infraestrutura e candidato do governo federal à sucessão em São Paulo) contar com a força da máquina digital bolsonarista dão a esses nomes vantagem na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. 

Ao resgatar sua trajetória como ministro do governo Temer, Meirelles fez uma defesa enfática do Teto de Gastos, instrumento que, à direita e à esquerda, vem sendo criticado neste momento. Nesse sentido, o ex-ministro faz uma observação em relação à natureza da crise que o Brasil atravessa agora em 2022. “Acho que a grande crise que o Brasil passa hoje tem raízes fiscais, como foi o caso da crise de 2015 e 2016. E da mesma maneira que naquela época a solução foi o Teto de Gastos, quando o Brasil saiu da recessão e começou a crescer, agora o problema é o Teto não estar sendo muito respeitado. O Teto mantém a credibilidade enquanto a política fiscal perdeu a credibilidade exatamente porque não está segundo o Teto de Gastos rigorosamente. Uma das vantagens do Teto é que ele não entra nessa discussão de varejo que prevalece no Congresso – que despesa é justificável, que despesa não é justificável. É isso que leva ao déficit fiscal e à expansão insustentável da dívida pública”. 

Antes de encerrar a entrevista, Meirelles responde qual foi o principal desafio quando ocupou a cadeira de presidente do Banco Central no governo Lula. “Eu trouxe credibilidade para a administração da política econômica do presidente que estava assumindo. Credibilidade é bom porque as pessoas acreditam que você vai fazer a coisa certa, agora, você precisa fazer. Do contrário, você perde.”. 

Henrique Meirelles prefere não especular quanto ao futuro, quando perguntado se aceitaria uma posição equivalente em 2023. “Não tomo decisão por hipótese. O desafio do presente é tão grande num país como o Brasil que tomar decisões baseado no que está acontecendo hoje já é um desafio muito grande, e é onde eu me concentro”. 

A íntegra da entrevista de Henrique Meirelles ao Podcast Rio Bravo pode ser acessada a partir do link a seguir 

https://open.spotify.com/episode/17u1AmMySXrPNaIdjiWdLs

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo 

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