Iniciamos a posição em Grupo Pão de Açúcar no Rio Bravo Fundamental FIA, fundo de ações da Rio Bravo, em setembro de 2019, baseando-nos principalmente em dois pilares: fundamentos sólidos a preços descontados e a possibilidade de criação de valor via separação de sua operação de atacarejo.
Dois meses atrás vimos finalmente se concretizar a tão especulada cisão dos negócios do Grupo Pão de Açúcar e do Assaí. A operação foi interpretada como um destravamento de valor do braço atacadista do GPA, uma vez que o atacarejo (segmento com o qual o Assaí se identifica) aumentava seu EBITDA em 48% ano contra ano enquanto as outras marcas do grupo (Pão de Açúcar, Extra etc.) cresciam juntas em 9% à época do início formal dos processos de cisão (setembro de 2020). Além disso, a rede Assaí representava sozinha mais de 60% do EBITDA do GPA no Brasil, deixando claro o motivo de tocar a operação como um negócio único.
No dia da cisão em bolsa das companhias, os preços de Assaí chegaram a níveis de 15x Preço/Lucro, o que representava um desconto expressivo frente aos seus pares internacionais. No entanto, a ação do Grupo Pão de Açúcar alcançou um patamar que precificava o grupo inteiro em torno de R$ 5 bilhões, o que não representava nem o valor da participação que o GPA detém na francesa Cnova (avaliada em aproximadamente R$ 5,4 bilhões no dia da cisão). Por essa razão, já no primeiro dia de negociação de Assaí na bolsa, decidimos concentrar nossos investimentos em GPA, tornando a posição uma das maiores do fundo e, ao mesmo tempo, manter uma pequena posição em Assaí, pelo desconto que mencionamos acima.
A decisão se mostrou acertada, dado que, desde a cisão, a ação de Assaí sobe 25%, enquanto a de GPA chega a 74%, representando, com larga margem, a maior contribuição de performance para o fundo no ano, que já sobe 12,85% contra uma alta de 6,05% do Ibovespa.
*dados até 31/05/21
Leon Abdala – analista de investimentos da Rio Bravo
