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Grupo Oncoclínicas

os últimos resultados vieram mais fracos do que o esperado, sobretudo em termos de crescimento orgânico e, por fim, a evolução do setor de oncologia.

Desde o início do ano, o preço da ação da Oncoclínicas caiu 51%, queda pior do que a média do setor de saúde. Acreditamos que esse desempenho inferior em relação aos pares foi impulsionado principalmente por uma abertura nas curvas de juros de longo prazo, que impactaram o valor da empresa (segundo a nossa análise, a maior parte do valor da empresa está na perpetuidade). Afora isso, os últimos resultados vieram mais fracos do que o esperado, sobretudo em termos de crescimento orgânico e, por fim, a evolução do setor de oncologia. Nos últimos meses, diferentes empresas anunciaram parcerias e aquisições que aumentaram o risco de concorrência.

Fundada em 2010, a Oncoclínicas é, atualmente, a maior prestadora de cuidados clínicos do Brasil especializada exclusivamente no tratamento do câncer. A empresa atende e diagnostica os participantes de planos administrados por operadoras de planos de saúde privados, que, por sua vez, reembolsam a Oncoclínicas. A companhia conta com o diagnóstico de medicina de precisão por meio do uso de sequenciamento de genoma para fornecer o tratamento mais adequado para seus pacientes. Como o câncer é uma doença do genoma, mapear DNA e RNA para realizar o diagnóstico é altamente benéfico para os resultados do tratamento e aumenta de duas a quatro vezes a chance de sobrevida de dois anos dos pacientes, segundo avaliação da Oncoclínicas. Conforme observado, o grupo conta com
mais de mil médicos dedicados de várias áreas médicas e de saúde e possui sua própria rede de laboratórios de patologia e um laboratório de bioinformática nos Estados Unidos afiliado ao Massachusetts General Hospital, onde a empresa realiza o sequenciamento de DNA e RNA.

A Oncoclínicas pretende aproveitar a tendência de consolidação do setor e afirma que um dos principais
pilares de sua estratégia de crescimento é a aquisição de clínicas com infraestrutura de alta qualidade e corpo clínico qualificado e que já estejam estabelecidas no mercado em que a empresa está atuando. O grupo iniciou seu plano de expansão por meio de aquisições em 2013. Desde então, adquiriu 19 clínicas, laboratórios de patologia e centros integrados de câncer.

Hoje em dia, está presente em 20 cidades do Brasil em 10 estados e no Distrito Federal. A empresa consegue oferecer um tratamento padronizado aos seus pacientes em todas as suas 71 clínicas devido à implantação de cinco diferentes quadros multidisciplinares de tumores compostos por médicos de todas as suas clínicas no Brasil e do Instituto Dana Farber nos Estados Unidos.

Mercado de Saúde Brasileiro

A consolidação, em geral, tem sido um tema recorrente no mercado brasileiro de saúde nos últimos dez anos. O segmento de hospitais privados também passou por esse movimento no período, haja vista que o número de entidades com fins lucrativos no Brasil caindo 17% entre 2010 e 2020. Essa tendência é, em grande parte, reflexo de dois anos de forte recessão, em 2015 e 2016. Já em 2017, a variação real do PIB brasileiros voltou a crescer, ainda que em ritmo lento. Além disso, a recuperação da economia foi freada em 2020 devido à epidemia de COVID-19. Juntando-se a isso, a regulamentação ficou mais rígida por parte do regulador de saúde, prejudicando, assim, os pequenos provedores.

Altamente regulado, o mercado de saúde no Brasil tem grande potencial de crescimento principalmente devido à baixa penetração. Em termos de gastos com saúde, tanto privados quanto públicos, o mercado brasileiro de saúde é relativamente subdesenvolvido, com o Brasil bem atrás dos pares desenvolvidos, embora um pouco à frente dos pares em desenvolvimento, com US$ 504/capita em 2019. Assim como em outros países, a saúde brasileira é uma mistura de um sistema de saúde fornecido pelo governo federal complementado por um setor privado. No entanto, os gastos do setor privado com saúde no Brasil são muito maiores do que os países desenvolvidos e em desenvolvimento, em 58% em 2018 versus 42% para o setor público, ainda que o setor público se destine a cobrir toda a população brasileira.

Além disso, apenas 24% da população brasileira contavam com plano privado de saúde em 2020, índice
bem abaixo dos países desenvolvidos, onde varia de 35% a mais de 80%.

Valuation

O IPO da Oncoclínicas no início de agosto de 2021 foi cotado a R$ 19,75 por ação e as ações caíram 72% desde então, comparado a -14% para o Ibovespa. A ação é negociada a de 4,9x EV/EBITDA 2022E, bem abaixo em relação à média ponderada do valor de mercado de seus pares brasileiros, como a Rede D’OR que está em 12,4x. Acreditamos que esse desconto seja parcialmente devido aos resultados relativamente mais fracos dos últimos trimestres e, como mencionado acima, devido à consolidação do setor oncológico e o aumento da concorrência.

Esperamos que a Oncoclinicas entregue um forte conjunto de resultados operacionais, uma vez que os
volumes orgânicos devem aumentar (após um 1T22 fraco) e o ticket deve permanecer em níveis saudáveis, com melhoria do mix.

Evandro Buccini, sócio e diretor de Renda Fixa e Multimercados da Rio Bravo & Francesco Pasino, Analista de Renda Variável da Rio Bravo.

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