Hidrovias do Brasil é a maior provedora de logística integrada da América Latina com foco no transporte hidroviário. Foi criada pela gestora de investimentos Pátria, através de um fundo de Infraestrutura em 2010, como um forte projeto de integração da logística da América Latina.
O objetivo da empresa é fornecer serviços de logística hidroviária, armazenagem e serviços relacionados sob contratos take-or-pay (ToP) de longo prazo, bem como contratos anuais, por meio de uma ampla base de ativos de última geração, incluindo serviços de transbordo e terminais portuários e sua própria frota avançada de barcaças, empurradores e navios de cabotagem.
Atende às necessidades logísticas de diversos setores industriais em crescimento na América do Sul – como commodities minerais, grãos e celulose – por meio de três corredores logísticos. Seus maiores clientes incluem empresas internacionais dos setores agrícola, de mineração e comércio de celulose.
Principais corredores logísticos operados pela Companhia: • Corredor Norte: O Rio Tapajós é um dos maiores cursos d’água desse sistema fluvial e é usado para o transporte de commodities agrícolas para exportação, que são produzidas principalmente no estado do Mato Grosso. No sistema fluvial Trombetas-Tapajós-Amazonas, denominado Corredor Norte, a Hidrovias transporta entre a estação de transbordo de granéis de Miritituba, localizada na cidade de Itaituba, no estado do Pará, e seu terminal portuário privativo em Vila do Conde, localizado na cidade de Barcarena, também no Pará.
• Corredor Sul: Os rios Paraná e Paraguai são os principais cursos d’água do sistema fluvial Paraguai-Paraná. O rio Paraguai corre a partir de sua nascente, no estado de Mato Grosso, até sua confluência com o rio Paraná. Por sua vez, o rio Paraná nasce no planalto do Sudeste e no centro do Brasil, fluindo, em geral, para o sul, até o ponto em que, após um curso, se encontra o rio Uruguai. Trata-se de um dos maiores sistemas fluviais do mundo, incluindo um sistema economicamente diversificado de portos, terminais, estações de transbordo e cursos d’água que atravessam cinco países (Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia). Nesse sistema, a empresa transporta minério de ferro para a Vale (e futuramente para J&F Investimentos, dado que a mina de Corumbá, da Vale, foi vendida em abril) em um contrato ToP por 25 anos, além de seus volumes de grãos e fertilizantes.
• Navegação Costieira: o sistema fluvial formado pelos rios Trombetas, Tapajós e Amazonas é usado para o transporte de bauxita localizada no Norte do Brasil, particularmente em Porto Trombetas, no Pará, para a maior refinaria de alumina do mundo, localizada em Barcarena, também no Pará. Por meio das operações de cabotagem da HBSA, existe o transporte de bauxita entre Porto Trombetas e Barcarena, e minério de ferro, entre São Luís, no Maranhão, e determinadas localidades da região Sudeste.
Além disso, a empresa está atualmente expandindo suas operações da seguinte forma:
• Logística de Sal: Em janeiro de 2020, a companhia assinou um contrato take-or-pay de 20 anos com a Salinor, maior produtora de sal marinho do Brasil. De acordo com o contrato firmado com a Salinor, haverá o fornecimento de uma solução de transporte integrado com barcaças autopropelidas e operação de transbordo de sal das salinas da Salinor, em Mossoró e Macau, no Estado do Rio Grande do Norte, para sua instalação de transbordo flutuante, com capacidade de transferência de até 2,5 milhões de toneladas por ano. O contrato com a Salinor prevê um volume de 1,5 a 2,25 milhões de toneladas por ano.
• Terminal de Santos: Em agosto de 2019, a Hidrovias conquistou o certificado de licitação da concessão pública e em janeiro de 2020 assinou os contratos para modernização e operação de um terminal de sal e fertilizantes localizado no Porto de Santos, o maior porto marítimo do Brasil, localizado na cidade de Santos, no estado de São Paulo. O Terminal de Santos tem capacidade anual de 2,6 milhões de toneladas de fertilizantes e 1,1 milhão de toneladas de sal. Operações de transbordo e armazenamento foram iniciadas no segundo trimestre de 2020.
Acreditamos que a Hidrovias possui fundamentos atrativos, importantes vantagens competitivas e um forte posicionamento de mercado, baseado em um modelo de negócios resiliente com predominância em contratos take-or-pay de longo prazo, que permite uma alta previsibilidade da receita. Além disso, a empresa conta com operações em localizações privilegiadas, estrategicamente posicionadas para atender a maior produção/exportação de grãos do mundo (Mato Grosso 5%-6% CAGR 2021-2030E e deverá representar mais de 50%-60% do crescimento de volume do Brasil até 2029).
Vemos a Hidrovias negociando em níveis de valorização muito atraentes de 8,6x P/E e 6,7x EV/Ebitda vs o competidor principal (a Rumo), que está em 35x P/E. Desde o IPO, em setembro do 2020, o preço da ação teve desempenho muito fraco, com queda acumulada de cerca 56%, devido, sobretudo, a diferentes desafios do 2021, principalmente a crise hídrica que dificultou parcialmente as condições de navegação no corredor sul (Rio Paraguai) e a quebra da safra de grãos de 2021, limitando, assim, a demanda de exportação. Temos convicção, no entanto, de que esses problemas devem ficar restritos ao ano passado.
Evandro Buccini, sócio e diretor de Renda Fixa e Multimercados da Rio Bravo.