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Podcast 682 – Hugo Aguilaniu: “A ciência brasileira sofre com a descontinuidade de financiamento”

podcast da rio bravo investimentos

O Instituto Serrapilheira – primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil – foi criado para valorizar o conhecimento científico e aumentar sua visibilidade. Com o objetivo de promover uma cultura de ciência no nosso país, o instituto atua em duas frentes: ciência e divulgação científica. Em entrevista ao Podcast Rio Bravo, Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Serrapilheira, fala sobre a importância do investimento em pesquisa científica no longo prazo e detalha como os projetos impulsionados são escolhidos.

Ao destacar as características do trabalho do Serrapilheira, Aguilaniu apresenta os pontos cardeais do instituto. “Nossas linhas de atuação, hoje em dia, eu diria que são quatro: a primeira delas é promover ciência de excelência no Brasil. Em segundo lugar, a promoção da divulgação científica, de modo que alcance muita gente. Já a terceira linha de atuação tem por objetivo formar novos pesquisadores – a proposta é proporcionar aos jovens a possibilidade de se formar com os melhores pesquisadores do mundo. E a quarta linha de atuação está relacionada ao posicionamento em favor da ciência no cenário político, econômico e social”.

Para o convidado do Podcast Rio Bravo, a relação entre a pesquisa científica no Brasil e o investimento de longo prazo é um dos gargalos desse setor. “A ciência brasileira é excelente, mas ela sofre de uma descontinuidade de financiamento, que, por sua vez, é essencialmente público. Isso faz muito mal”, avalia. “Projetos científicos precisam, muitas vezes, de investimentos recorrentes. Poder projetar os seus gastos em cinco anos, dez anos, muda tudo – e isso é verdadeiro em muitas coisas. E o fato de nós termos um fundo patrimonial nos dá uma capacidade de projeção [de longo prazo] muito importante”, defende Aguilaniu.

Ao apresentar as etapas do processo de seleção, o entrevistado expõe um protocolo bastante específico. “Nós chegamos a receber 1000 propostas por ano – e a primeira triagem envolve qualidade e os critérios de elegibilidade. A seleção é extremamente rigorosa. Cada projeto é revisado por dois ou mais pesquisadores de altíssimo padrão”. O diretor-presidente do Serrapilheira salienta que esses revisores são guiados pelas seguintes perguntas no que se refere ao critério de análise das propostas: “Este projeto faz uma grande diferença no campo? Este projeto seria considerado altamente competitivo no seu país?”. Depois dessa fase, os finalistas são convocados para participar de uma entrevista em inglês, na qual devem responder, de forma convincente, as perguntas feitas pelos revisores internacionais. “Com isso, nós temos um grau de confiança muito alto de que nossos pesquisadores são muito bons”, assinala.

Risco

Na concepção do diretor-executivo do Serrapilheira, o funcionamento do instituto, de certo modo, complementa os investimentos realizados por entes públicos. “Na vida de um pesquisador, é muito provável que haja projetos com uma “cara” de CNPQ/Capes e outros projetos que tenham cara mais Serrapilheira, mais ousado, que requer uma aposta”.

Quisemos saber se a “aposta” em questão se refere especificamente a um tipo de risco calculado no que diz respeito aos investimentos do Serrapilheira. Aqui, mais uma vez, o entrevistado traça um paralelo entre a dinâmica dos investimentos e o fomento em pesquisas. “Um investimento arriscado pode ser totalmente perdido, mas se ele der certo tem o potencial de render muito. Muitas agências de fomento são naturalmente avessas ao risco – o que é natural, por se tratar de recursos públicos, ou seja, dinheiro de todos nós. Agora, por sermos uma instituição privada, somos mais tolerantes ao risco. Isso significa que nós sabemos que, de dez projetos que vamos apoiar, possivelmente, dois ou três não vão dar certo. Agora, se dois ou três derem certo, com descobertas importantes, capazes de mudar o país, sabemos que esse investimento valerá a pena”.

Por esse motivo, Aguilaniu reforça que o processo de seleção é acompanhado de perto para que os revisores não tenham um comportamento avesso ao risco. “Quando isso acontece, nós pontuamos que podemos aguentar mais”, revela.

Quando questionado acerca do fato de o Serrapilheira não apoiar pesquisas na área de ciências humanas, o entrevistado argumenta que isso tem a ver com o escopo de atividades delineados na criação do instituto. “Eu entendo que deveria existir uma iniciativa como o Serrapilheira para apoiar as humanas, mas isso depende das pessoas – se vai ter alguém que se dedicará a isso. Em termos de gestão, querer apoiar tudo seria um erro”, comenta.

Mais para o encerramento da entrevista, ao comentar o impacto da divulgação científica junto às novas gerações de estudantes (bem como do público, em geral), Hugo Aguilaniu destaca que algum nível de raciocínio lógico pode ajudar, e muito, às pessoas no cotidiano. “Se a divulgação científica for capaz de fazer com que as pessoas compreendam o papel da ciência e entendam como se dá a construção do raciocínio científico já seria uma batalha vencida”, finaliza o diretor do Instituto Serrapilheira.

Link para a entrevista completa acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo.

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