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Podcast 688 – Patrice Dabrowski: “A maior parte do mundo percebe que esta é uma guerra amoral”

No Podcast Rio Bravo desta semana, nossa convidada é Patrice Dabrowski, professora na Universidade de Harvard e autora, entre outros, do livro “Poland: The First Thousand Years”. Neste livro, a autora resgata a história da Polônia e conta como o próprio significado do que é ser polonês sempre esteve em mudança. Na entrevista ao nosso Podcast, Patrice Dabrowski explica como as origens da comunidade polonesa-lituana estão conectadas à identidade cultural dos ucranianos e comenta as comparações entre a recente invasão liderada por Vladimir Putin contra a Ucrânia e a invasão comandada por Adolf Hitler contra a Polônia em 1939. Afinal, será que traçar esse paralelo é correto?  

Antes de responder às questões relacionadas ao conflito, Dabrowski revela como o tema Polônia passou a fazer parte de seu trabalho como historiadora. Nas palavras da entrevistada, isso tem a ver com a sua origem: “Sou descendente de poloneses. Meus avós vierem da Europa. Eles criaram meus pais à moda patriótica polonesa. E num determinado momento, quando eu estava na faculdade, decidi estudar polonês. E então fui para a Polônia e fiquei fascinada pelo país, sobretudo pelo momento em que estava ali, na época do Solidariedade, ainda sob o regime comunista, mas que não duraria por muito tempo. E então me tornei historiadora da Polônia.” 

Um dos pontos centrais da obra de Patrice Dabrowski gira em torno da comunidade polonesa-lituana. Quisemos saber, então, do que se tratava, ao que a historiadora assim respondeu: “Bom, para começar, essa comunidade era um país de grandes proporções – o maior na Europa continental, do Mar Báltico, no Norte, para o Mar Negro, no Sul. Como é possível imaginar, contava com povos diferentes, de religiões distintas. E havia tolerância religiosa nessa comunidade, com católicos, protestantes, judeus e até mesmo muçulmanos. Para além disso, era uma República, com uma monarquia eleita, algo único para aquela época”. De acordo com a historiadora, era um país que pode ser considerado como proto-democrático.   

Ao relacionar essa história com o tempo presente, a entrevistada do Podcast Rio Bravo propõe uma conexão com a invasão da Ucrânia pela Rússia. “Um dos argumentos que tem sido apresentados dá conta de que Ucrânia e Rússia faziam parte de um todo, que, por sua vez, pertencia ao Leste. O que eu diria, e isso tem a ver com história da comunidade polonesa-lituana, é que essa união russa-ucraniana aconteceu em partes, e nem de longe foi pacífica. Muitos ancestrais dos ucranianos de hoje foram ligados à comunidade polonesa-lituana, e ao grão-ducado da Lituânia antes disso.” Para a professora, ucranianos experimentaram parte da vivência do Ocidente, o que moldou a forma segundo a qual eles percebiam o mundo. 

A propósito do conflito, Patrice Dabrowski não foge da discussão ao comparar a invasão da Ucrânia pela Rússia com outra invasão, a da Polônia pela Alemanha nazista. “De fato, muitas pessoas têm traçado esse paralelo, porque, em primeiro lugar, a invasão da Ucrânia pela Rússia não foi provocada. Os ucranianos não estavam fazendo nada que os russos pudessem chamar de ameaçador. Ao contrário, pois foram os russos que, em 2014, anexaram a Criméia, além de estarem fomentando dissenso no território de Donetsk e Lugansk. Então, a invasão foi muito parecida com aquela liderada por Hitler contra a Polônia.”  

Em outro momento da entrevista, quisemos saber a respeito da nova crise dos refugiados, situação deflagrada imediatamente após o conflito. Patrice Dabrowski afirma que, até o momento, a reação dos poloneses tem sido positiva. “Acredito que as pessoas na Polônia apreciam o que os ucranianos têm feito, que é lutar pela democracia na Europa ao tentar manter sua independência. E os poloneses podem se vincular a essa causa, lembrando que a comunidade polonesa-lituana era um lugar que amava a liberdade”.   

Nesse sentido, Patrice Dabrowski observa que os ucranianos têm uma vantagem moral no que se refere à dinâmica do conflito. “Acredito que a maior parte do mundo percebe que esta é uma guerra amoral. Não há nada que sirva de justificativa moral do lado de Vladimir Putin. E as forças russas, que vêm matando de forma indiscriminada mulheres e crianças. Então, os ucranianos têm, sim, superioridade moral no confronto”.  

Com tantos acontecimentos na Europa, quisemos saber, ao final da entrevista, se, nos Estados Unidos, os estudantes têm voltado suas atenções para o “velho continente”. “Espero que os estudantes norte-americanos estejam interessados. Eles devem estar atentos pelo que acontece no mundo. E, pelo que tem acontecido mundo neste momento, acredito que haverá ainda mais interesse pela história da Europa para que possam compreender toda a dinâmica envolvida”.  

A entrevista completa de Patrice Dabrowski, professora na Universidade de Harvard e autora, entre outros livros, de “Poland: The First Thousand Years”, está disponível a partir do link acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo 

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