Convidado da edição 690 do Podcast Rio Bravo, Flávio Dino, governador do estado do Maranhão, defende a busca de seu atual partido, PSB, por uma ampla coalizão política. Essa é uma das declarações da entrevista exclusiva que o político concede ao nosso podcast. A seguir, destacamos alguns dos momentos mais importantes da conversa.
Ao apresentar um panorama da sua administração à frente do Maranhão, Flavio Dino enfatiza as conquistas: “Nós conseguimos entregar 1.300 obras educacionais; 22 novos hospitais; superar a grave crise de segurança pública que havia no nosso estado, representado pelo sistema penitenciário de Pedrinhas; estamos no sexto ano consecutivo com saldo de empregos formais positivo, segundo o Caged, entre os melhores desempenhos do país; elevamos nosso Ideb, da rede estadual de ensino médio; houve queda da mortalidade materna e infantil. Então, nós temos o seguinte balanço: de um lado, aparecem muitas dificuldades, historicamente acumuladas e estas conjunturais; de outro, alguns passos positivos na posição que nós defendemos de patamares mais elevados de desenvolvimento humano”.
Quisemos saber, em seguida, qual foi o momento mais complicado, tirando de perspectiva o contexto da pandemia. O governador resgata, então, o ano de 2014, quando chegou ao poder, ressaltando que se tratava ali de uma ruptura importante, haja vista que o grupo político que até então governava o Maranhão o fez por décadas (ele não citou, mas se referia ao clã dos Sarney). “Nós vencemos 2014 com o signo da esperança de superação de um ciclo político”, afirma o político, para, então, arrematar: “Exatamente no limiar deste novo ciclo político no Estado, veio aquela crise econômica, aquela recessão, de 2015 e 2016. É desafiador você assumir tendo de fazer muitas coisas e já se deparar com uma crise política e de recessão que praticamente veio de lá até aqui”.
Existe uma espécie de consenso, e isso não apenas no Brasil, mas no mundo todo, que dá conta de que o segundo mandato costuma ser mais difícil do que o primeiro. Será que, à frente do estado do Maranhão, Flávio Dino teve mais dificuldade, sobretudo por conta da conjuntura política do país que parece ter virado à direita em 2018? O governador responde assim: “não há dúvida de que havia essa onda em nosso estado, nós percebemos isso. No entanto, olhando os resultados nacionais de 2018, o campo político da centro-esquerda saiu vencedor praticamente em todos os estados do Nordeste.”
A propósito do campo político da esquerda, quisemos saber, também, acerca da mudança de partido do governador Flávio Dino, que, em meados de 2021, trocou de partido, saindo do PCdoB e ingressando no PSB. “Considero que mudei de casa, mas fiquei no mesmo condomínio. Não há, assim, estranhamento da sociedade porque são partidos próximos, aliados, tanto no nosso estado quanto nacionalmente.” O governador justifica sua mudança por conta dos fatores legais, uma vez que existe a tendência de redução de legendas eleitorais. “Acho que é uma tendência que irá se confirmar pelos próximos anos. Seguramente, teremos uma redução de partidos representados no Congresso Nacional. Por outro lado, havia, ainda, fatores regionais, próprios da política do Maranhão, que determinaram, também, esse posicionamento partidário”.
Na semana em que este episódio do Podcast Rio Bravo foi ao ar, o PSB foi notícia porque abrigou outro grande nome da política nacional, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que saiu do PSDB e entrou para a mesma legenda de Flávio Dino. Será que esse tipo de aliança provoca algum tipo de incômodo junto ao governador do Maranhão? Nas palavras do entrevistado: “O Brasil é um território complexo, vasto territorialmente, com alta densidade populacional e por isso mesmo nós temos a necessidade de compreender que não há um único partido, que, sozinho, será o detentor do monopólio das verdades e capaz de tracionar o processo político”. E no trecho a seguir, nosso convidado faz uma reflexão mais abrangente a respeito do significado dessas alianças mais amplas. “A história nos ensina que as transformações brasileiras vieram de concertações, de arranjos mais amplos. Então, todos os dias eu dialogo com vários segmentos políticos, no nosso estado e nacionalmente, visando esse espírito aliancista, frentista”.
Na última pergunta da entrevista, perguntamos se havia algum arrependimento da parte do governador Flávio Dino a propósito de sua gestão à frente do estado do Maranhão. “Existem programas que você deposita muita esperança e que não produz resultado porque não tem o entusiasmo da sociedade. Então, certas iniciativas a que eu me dediquei não produziram os efeitos que eu esperava. Mas não se trata de arrependimento. Talvez pela experiência fora da política, me acostumei a entender que os erros e as falhas fazem parte da vida”.
A entrevista completa com o Flávio Dino, governador do Maranhão, pode ser acessada a partir do link acima.
Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo