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Resultados 3S22

A terceira temporada de resultados financeiros de 2022 chegou ao fim.

A terceira temporada de resultados de 2022 chegou ao fim.


Considerando uma amostra de 75 empresas do Ibovespa, cerca de 46% dessas companhias reportaram receita líquida acima do esperado. Ainda que os resultados possam ser vistos como positivos, refletindo, sobretudo, a situação macroeconômica, a volatilidade na bolsa, que ficou abaixo da média durante as eleições, subiu muito com as notícias das primeiras sinalizações do governo eleito. Diversos são os fatores responsáveis pela queda de -3,8% do Ibovespa em novembro. E o principal foi a divulgação do plano de aumento de gastos do governo eleito, surpreendendo no conteúdo e na forma.

No campo macroeconômico, o terceiro trimestre foi marcado especialmente pelos efeitos de cortes de impostos na inflação, que provocaram três meses seguidos de variação negativa nos preços. Apesar da queda, as medidas continuaram apontando para pressões inflacionárias relevantes e fizeram com que o Banco Central encerrasse o seu aperto monetário somente em setembro. Influenciada, também, pelos fortes dados do mercado de trabalho, a inflação de serviços seguiu elevada, bem como os núcleos.

Na seara da atividade econômica, ainda vimos dados resilientes no setor de varejo e serviços. A expectativa é de que os mercados de crédito e de trabalho ainda deem fôlego para a economia no terceiro trimestre. Os efeitos defasados da política monetária, entretanto, devem fazer com que esse crescimento desacelere, mesmo que de forma gradual.

Ênfase na temporada de resultados

Assim, tomando como referência 75 empresas do índice Ibovespa (excluindo Vale e Petrobras), a receita líquida cresceu 12% na comparação anual; e 43% das companhias avaliadas superaram as expectativas. Apesar de um crescimento consistente da receita, os custos e as despesas seguiram pressionando o resultado operacional, com o Ebitda recuando 11% e a Margem Ebitda caindo para 17,5% (-4 p.p. na comparação com o 3T21).

Já o lucro líquido cedeu -32% a.a com a margem, recuando de 9% para 5,2%, mas o ponto positivo foi que 49% das empresas surpreenderam positivamente os analistas. A queda no lucro pode ser explicada pelo aumento da alavancagem das empresas, que, devido ao cenário macroeconômico, optaram por captar recursos através de emissão de novas dívidas em vez do follow-on. Com isso, a dívida líquida das empresas teve incremento de 16% na comparação trimestral e 31% na comparação anual, puxando o indicador dívida líquida/Ebitda a 1,11x.


Destaques dos setores e empresas

Saúde: Oncoclínicas (ONCO3) apresentou resultados positivos no 3T22. A receita aumentou 29% no trimestre devido impulsionada por diversos fatores, com destaque à aquisição da Unity; aumento orgânico de volumes em 10,5% t/t; e aumento orgânico de 2% t/t no ticket médio. A margem EBITDA ajustada expandiu para 18,3% (+ 1 p.p. na comparação com o 3T21), resultado de condições
favoráveis de compras com fornecedores e maturação de centros de combate ao câncer. Outro ponto positivo: a Oncoclínicas conseguiu a diluir as despesas mesmo em um trimestre marcado das aquisições. Já o lucro líquido ainda sofre com alta alavancagem financeira, embora seja compensado pela redução nos impostos.

Logística: A Hidrovias (HBSA3) apresentou resultado misto com a receita líquida ligeiramente menor do que o esperado. Mais precisamente, a receita operacional líquida estabelecida totalizou R$ 501 milhões (+48% na comparação com o 3T21), impulsionada pelos volumes consolidados que cresceram 54% a.a, para 4,8 milhões de toneladas, refletindo forte desempenho nos corredores Norte e Sul (+101% a.a e +31% a.a, respectivamente), enquanto os volumes da navegação costeira ficaram estáveis. Já o EBITDA ajustado (com JVs e efeitos ex-não recorrentes) foi de R$ 222 milhões, com margem de 44% (vs. 53% no 3T21 e +400bps acima das expectativas do mercado). Por fim, o lucro líquido totalizou R$ 93 milhões (vs. -R$ 67 milhões no 3T21), estimulado por melhores resultados financeiros.

Financeiro: (ITUB4) O Itaú reportou desempenho positivo neste trimestre com o lucro líquido recorrente que atingiu R$ 8,1 bilhões (21% ROE), alta de 5% t/t e 19% a.a. O guidance para 2022 também foi reiterado sem nenhuma alteração. A inadimplência aumentou, mas em linha com o esperado e já dando sinais de estabilização. Após resultados decepcionantes dos pares privados, Bradesco e Santander, os investidores estavam preocupados com uma possível oscilação no Itaú. No entanto, o resultado apresentado foi consistente e em linha com as expectativas do mercado. Os bons números se beneficiaram do recente crescimento da sua carteira de crédito, +15,5% a.a, bem como de uma gestão da inadimplência, que aumentou para 2,8% (relativamente estável). Por fim, o crescimento do crédito continuou beneficiando a sua margem financeira bruta (NII), que atingiu R$ 23,9 bilhões no 3T22 (aumento de 22% a.a.).

Energia: Na Neoenergia (NEOE3), mesmo com os volumes faturados em queda (1,2% a.a devido ao crescimento da geração distribuída), temperaturas mais amenas e chuvas mais fortes, a companhia mostra números robustos no 3T22. O EBITDA foi de R$ 2,35 bilhões, o que, quando ajustado por VNR (-R$ 298 milhões) e efeitos contábeis do IFRS na transmissão (+R$ 130 milhões), totalizaria R$ 2,52 bilhões, 5% acima das expectativas do mercado e 17 % a.a. O resultado é reflexo dos bons números operacionais do braço de distribuição; da entrada em operação dos complexos Oitis e Luzia no trimestre; e do desempenho consistente da Termope. Vale destacar, também, que quatro das cinco redes reduziram as perdas de energia na comparação trimestral. Após resultados financeiros e um ganho fiscal de R$ 678 milhões devido à incorporação da usina Bahia PCH III pela CEB, o lucro líquido ajustado chegou a R$ 1,55 bilhão.

Evandro Buccini, Sócio e Diretor de Renda Fixa e Multimercados da Rio Bravo & Francesco Pasino, Analista de Renda Variável da Rio Bravo.

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