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Uma classe de ativo, não um fator de risco.

Não é novidade para ninguém que um dos vieses mais presentes na construção de portfólios de investimento é o home bias, ou "viés doméstico".

Não é novidade para ninguém que um dos vieses mais presentes na construção de portfólios de investimento é o home bias, ou “viés doméstico”. Esse viés sintetiza a tendência dos investidores em manter a maior parte da sua carteira alocada em ativos domésticos, seja para evitar a complexidade e os custos de se investir no exterior, ou simplesmente pela preferência de investir em mercados e ativos mais familiares, mais “palpáveis”. Essa tendência não se faz presente somente nos investidores individuais, mas também em gestores profissionais, como mostra um estudo realizado pela universidade de Indiana[1]

O impacto disso é conhecido e já foi demasiadamente discutido na academia e no mercado: ao restringir os investimentos apenas ao mercado local, os investidores renunciam aos benefícios da diversificação, aumentando o risco não-sistemático de suas carteiras. O resultado são carteiras mais concentradas e, consequentemente, mais suscetíveis a eventos e choques que impactam determinada região. Esse viés é particularmente preocupante em países cuja participação na economia e no comércio mundiais é diminuta, como no caso do Brasil.

Felizmente esse contexto tem mudado nos últimos anos. Apesar de ainda pequena, a participação dessa classe de ativo nas carteiras dos investidores cresceu substancialmente. Dois foram os impulsionadores principais desse movimento: de um lado, o aumento na quantidade e diversidade dos instrumentos disponíveis diminuiu a complexidade e reduziu substancialmente os custos de transação. Ao mesmo tempo, o contexto doméstico dos últimos anos de taxas de juros mais baixas aumentou a discussão (e a necessidade) acerca da diversificação internacional das carteiras. Não vale a pena discutir o que veio primeiro ou qual é o mais importante, o fato é que um catalisa o outro em prol de portfólios mais eficientes.

Superado o desafio de conscientizar o investidor de que expor uma parte dos seus investimentos a ativos no exterior é fundamental para o resultado da sua carteira, a grande questão que se descortina é a de como fazer isso. A discussão está centrada em como definir a alocação dos ativos tendo mais essa classe à disposição, ou seja, como combinar os investimentos no exterior com as demais classes de ativos na busca de uma carteira com uma melhor relação “risco X retorno”.

A estratégia de alocação é a forma pela qual o investidor determina, com base em uma série de fatores, qual será a sua exposição às diversas classes de ativos, além de como e quando se dará o rebalanceamento entre essas classes. Para investidores com horizonte de longo prazo, objetivos bem definidos e clareza da necessidade de caixa, a alocação estratégia responde pela maior parte do resultado dos portfólios.

As classes de ativos, por sua vez, são definidas como investimentos que possuem características parecidas e estão sujeitos às mesmas leis e regulação. Tanto na norma que dispõe sobre as aplicações dos investidores em geral quanto às que dispõem especificamente sobre as aplicações dos investidores institucionais, o tema “investimento no exterior” é tratado de forma específica, com exigências e vedações próprias e limites bem definidos. Dessa forma, classificar os investimentos no exterior como uma classe de ativo faz sentido quando o assunto é estratégia de alocação.

Entretanto, não basta determinar a proporção de aplicação entre as diversas classes de ativos quando da definição da estratégia de investimento. É fundamental entender a quais fatores de risco esses investimentos estão sujeitos para fazer valer o benefício da diversificação e otimizar a alocação estratégica. Esse ponto ganha relevância pelo fato de que muitos investidores estão encarando investimento no exterior não como uma classe de ativo, mas como um fator de risco, agrupando na mesma “caixinha” ativos com características e perfil de retorno completamente diferentes.

Os fatores de risco são características próprias que explicam o perfil de retorno de um determinado ativo ou de uma classe de ativos. Dentre os fatores de risco mais conhecidos podemos destacar a duration e o risco de default para ativos de renda fixa, tamanho, valor e momentum para ações, e volatilidade e inflação como fatores macroeconômicos.

Ao analisar as opções de investimento no exterior encontramos diversos fatores de risco que podem ser usados para explicar seus retornos. Antes mesmo dessa análise mais técnica, dentro da classe de ativos “investimento no exterior” há diversas (sub)classes de ativos – equities, bonds, cash, às quais o investidor pode se expor ao aplicar no exterior. Dessa forma, é essencial uma análise detalhada desses fatores de risco, dentro do contexto do portfólio, quando da definição dos limites e ativos utilizados para investir no exterior.

Fiquem atentos: investimento no exterior é uma classe de ativos, não um fator de risco.

[1] Veronika Pool, et al. No place like home: familiarity in mutual fund manager portfolio choice”

Daniel Sandoval – Diretor Comercial da Rio Bravo

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