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Podcast 666 – Carlos Affonso Souza: Do “apagão” do Facebook ao dilema das redes

podcast da rio bravo investimentos

Segunda-feira, 4 de outubro: a mensagem do WhatsApp não era enviada. Pior: por mais que o remetente trocasse a conexão, a operação não era concluída. De igual modo, os perfis do Instagram e do Facebook não reagiam aos cliques de atualização. Imediatamente, as pessoas foram atrás do roteador ou ainda ligaram para as operadoras, porque, afinal de contas, a internet não deveria estar funcionando.

Só que a internet não tinha caído. Antes, alguns dos principais aplicativos estavam fora do ar.

O que isso diz a respeito da nossa relação com as mídias sociais? Para saber a resposta e entender um tanto mais acerca da nossa reação, fomos atrás de Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto Tecnologia e Sociedade e professor de direito da UERJ, que concedeu entrevista ao Podcast Rio Bravo, e o episódio que foi ao ar no último dia 8 de outubro.

Logo na primeira pergunta, quisemos saber se é possível se tornar menos dependente dessas redes sem parecer um ludita – ou seja, alguém que rejeita o desenvolvimento tecnológico. Nas palavras de Carlos Affonso Souza: “O que nós precisamos levar de lição do apagão dessas três aplicações (WhatsApp, Facebook e Instagram) é a necessidade que nós temos de um Plano B – tanto para as nossas comunicações pessoais, mas, principalmente, profissionais, pensando nas empresas que dependem exclusivamente dessas plataformas para funcionar e para se comunicar com os clientes”.

Em seguida, ainda nos primeiros minutos da entrevista, o diretor do ITS explica como o apagão aconteceu: “Tudo indica que realmente houve uma falha na organização da empresa no que diz respeito às informações de backbone e de endereçamento dos sites das aplicações da empresa dentro do sistema de nome de domínio.”. Para quem não entende dessas tecnicalidades, Carlos Affonso apresenta os detalhes: “O que o sistema de nome de domínio (DNS, em inglês) faz é traduzir o endereço numérico em uma junção de letras que torna mais fácil a memorização – assim como acontece na agenda de contatos do celular. Então, o que acontece se o DNS se perde e não faz essa relação entre o nome e o endereço numérico? Por mais que você tenha o nome do seu contato, você não sabe para onde ligar, você não sabe o caminho que leva essa informação de conhecer o nome até o endereço numérico onde a pessoa se encontra”. Na última semana, afirma o especialista, esse caminho se perdeu por conta de um problema de configuração interna.

Embora não tenha sido um ataque hacker, observa o diretor do ITS, o cálculo de risco precisa entrar na conta dos usuários, sobretudo daqueles que têm um negócio que envolva as principais mídias sociais. “É preciso ter uma segunda via de comunicação e estar em outra plataforma, não tanto pela segurança da informação ou vazamento de dados pessoais, mas para evitar essas situações de pane”.

Ao longo da entrevista, tratamos das diversas abordagens possíveis relacionadas à dependência das redes. Será que as pessoas acusaram o golpe, tendo em vista que ficaram sem utilizar esses canais da internet? Carlos Affonso Souza responde: “WhatsApp, Instagram e Facebook são aplicações tão populares e tão amigáveis, e entraram de tal maneira na rotina dos usuários da internet, que se tornaram uma espécie de cesta básica do que significa estar conectado em 2021”. Ao colocar em dúvida o funcionamento das conexões da internet quando era o problema de uma empresa, prossegue o professor da UERJ, fica evidente “o grau de dependência e dos arranjos que nós acabamos fazendo para organizar nossas vidas, tanto no aspecto profissional quanto do aspecto pessoal, através da internet. E isso chama muito a atenção”.

Para tornar a discussão ainda mais interessante, é preciso lembrar que o apagão dos aplicativos aconteceu na mesma semana que a ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, mostrou seu rosto no programa 60 minutes e endossou as críticas e as acusações à conduta da empresa para o Senado norte-americano. Ao comentar o teor das acusações, Carlos Affonso Souza enfatiza que existem elementos novos ao que já se sabia sobre a atuação do Facebook.

“As denúncias são importantes. No contexto em que foram apresentadas, Frances Haugen traz a ideia de que existiria um tratamento diferenciado para determinadas contas nas redes sociais, fazendo com que os termos de uso fossem aplicados de modo distinto (a partir do número de seguidores ou do número de acessos de dada conta). É preciso saber quais critérios que fazem uma conta na rede social ter esse regime.”

Sobre esse tema, as considerações de Carlos Affonso Souza apontam para uma reflexão ponderada, conforme podemos ler a seguir: “É importante saber que nenhuma plataforma encontrou a solução perfeita para fazer com que a situação na qual nós nos encontramos, que é saber que as redes sociais mexem com a nossa visão do mundo e com a formação da nossa identidade (sobretudo de crianças e adolescentes). Esse é um trabalho ainda em desenvolvimento, e as denúncias ajudam a jogar luz sobre essa discussão.”

A entrevista completa de Carlos Affonso Souza ao Podcast Rio Bravo pode ser acessada a partir do link acima.

Fabio Cardoso é jornalista e produtor do Podcast Rio Bravo.

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