Artigos

Shakespeare, 460 anos: o espelho mágico do Bardo

“Ele não era de uma época, mas de todos os tempos!” O conhecido elogio de Ben Jonson a Shakespeare inicia a longa tradição de apresentar Shakespeare como artista cujo gênio incomparável flutua acima do tempo e do espaço. Não importa o quão radicalmente diferentes sejam suas plateias, nem quão distantes estejam no tempo, suas peças seriam capazes de descrever com perfeição, para cada uma delas, o sentido da jornada humana. Elisabetanos e pós-modernos, cujas experiências são virtualmente incomensuráveis, se encontrariam, não obstante, no reconhecimento comum do talento quase sobrehumano do Bardo. O divertidíssimo Shakespeare in the bush, de Laura Bohannan (há uma boa tradução brasileira, de autoria de Lenita Rimoli Esteves e  Francis Henrik Aubert), brinca exatamente com esse pressuposto, tão amplamente difundido, da universalidade atemporal da obra shakesperiana.

Há algo de incontestável na afirmação de um Shakespeare supra-histórico: sua obra tem sido celebrada, com grande entusiasmo, em diferentes culturas, em diferentes épocas. Mas há, também, algo de enganoso nesse aplauso geral. A seleção de peças, de temas e sobretudo, das molduras de interpretação com que as platéias se apropriam de Shakespeare tem variado radicalmente diversa ao longo do tempo. Não sem ironia, o teatro de Shakespeare cumpre fielmente, assim, a função que Hamlet atribui à arte dramática em geral, que é a de mostrar a “cada época e geração sua forma e efígie”.

O Shakespeare que celebramos hoje é, portanto, o espelho em que desejamos ver nosso próprio rosto, nossa “forma e efígie”. Nossas preferências em relação ao Bardo revelam essa vontade de escolher um ângulo do espelho que nos seja favorável. Se o talento de Shakespeare é sempre inegável – como evidentemente é – por que assistimos repetidamente a algumas de suas peças (quantas montagens teatrais, quantos filmes já vimos tendo por tema Romeu e Julieta, Macbeth ou Hamlet, por exemplo?) e muito mais raramente a outras (quantos se lembram de já terem asssistido Tímon de Atenas, Trabalhos de amor perdidos, Cymbeline, por exemplo)?

A resposta, é plausível supor, está em nós, no uso que fazemos do Bardo para iluminar preocupações específicas, para legitimar teses e perspectivas que nos parecem caras. “Shakespeare já dizia isso” (mesmo quando a proposição é fortemente duvidosa) é um argumento que empresta credibilidade a qualquer tese. A pluralidade vertiginosa e a densidade de perspectivas que Shakespeare, prestidigitador incomparável, consegue construir em seus textos permite exatamente essa apropriação seletiva.

A dificuldade que a crítica especializada encontra para estabelecer com clareza as posições políticas e religiosas de Shakespeare – ele seria católico? ateu?; teria simpatia a ideias republicanas? era um defensor convicto do absolutismo monárquico? – reforça essa ideia de que o gênio do Bardo derivava justamente de ser esse enigma permanente, um caledoscópio que, girado por mãos diferentes, produz imagens novas mas invariavelmente belas.

Essa multiplicidade inesgotável de imagens e os discursos que se podem construir a partir da obra se Shakespeare são testemunho da esplendorosa genialidade do autor, é certo, mas ela diz muito, também, daqueles que o invocam como patrono de suas causas.

Por que nossa época hipertecnológica, narcísica e pós-moderna o celebra como o “inventor do humano”, como o escritor que dissecou e descreveu com cruel exatidão cada traço da experiência humana? O que nos leva a adotar uma leitura de Shakespeare radicalmente oposta a alguns de seus críticos ilustres?

O grande Leo Tolstói, por exemplo, afirmava que “a glória inquestionável de grande gênio de que Shakespeare desfruta e que leva […]  leitores e espectadores encontrar nele méritos inexistentes – distorcendo assim sua compreensão ética e estética – é um grande mal, como o é toda grande mentira”

Bernard Shaw, um expoente da dramaturgia, considerava que era sua obrigação “abrir os olhos dos ingleses para o vazio da filosofia de Shakespeare, a superficialidade e falta de originalidade de sua moralidade, sua fraqueza e incoerência como pensador, seu esnobismo, seus preconceitos vulgares, sua desqualificação para todo o tipo de eminência filosófica que atribuem a ele”

Essas avaliações tão distintas daquelas que nos habituamos a ouvir em relação a Shakespeare aumentam seu fascínio para nós, como público. Elas nos ajudam a intuir sentidos ocultos na obra do Bardo, matizes que nos iludem, sugestões ideológicas que nos escapam. Elas deixam claro que é magnífico o espelho que ele apresenta a nossos olhos e que é fascinante aquilo que ele nos permite aprender sobre nós mesmo.

A celebração dos 460 anos do nascimento de Shakespeare pode servir de convite, assim, para olharmos novamente no espelho que sua obra interminável nos oferece e para prescrutarmos qual é a face que ele nos revela.

Por: José Garcez Ghirardi

José Garcez Ghirardi é professor da FGV Direito e é autor, entre outros, de O mundo fora do prumo – transformação social e teoria política em Shakespeare (Almedina, 2011) e de Prisões, bordéis e as pedras da lei: ensaios em arte e direito (Editora Del Rey, 2020)

Conheça a Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

Artigos

Sustentabilidade: o desafio da comunicação

Entenda os desafios da comunicação na sustentabilidade do meio ambiente.

Se estamos vendo na crise climática um futuro difícil, talvez ela carregue consigo também uma oportunidade: a de finalmente colocar essa pauta no lugar de destaque que merece

Mitigação e adaptação às mudanças climáticas, redução das desigualdades sociais, preservação da biodiversidade marinha e terrestre, economia circular, segurança alimentar, bem-estar e saúde, educação de qualidade, água e saneamento, entre outros temas, formam hoje o conjunto de desafios atuais e futuros da sociedade para o que chamamos de desenvolvimento sustentável. Ou, simplesmente, sustentabilidade.

Embora seja um assunto que diz respeito ao futuro da humanidade, que envolve de maneira transversal tantas áreas e que, entre chuvas e trovoadas, vem ganhando espaço nos últimos anos, é notável como a sustentabilidade ainda não conquistou lugar de destaque junto à opinião pública.

É claro que a vida privada de celebridades, receitas infalíveis para emagrecer ou ganhar dinheiro e animais fofinhos sempre estarão no topo de assuntos mais comentados e vistos nas redes sociais e diferentes mídias, no Brasil e no mundo, mas é fato que mesmo em círculos influentes da opinião pública, corações e mentes ainda não foram conquistados para o tema. Ao menos não como deveriam.

A importância do acesso a informação

Em meados de 2010, na concepção da Virada Sustentável, procuramos pesquisar os motivos que nos levaram a essa situação aparentemente esdrúxula, na qual alertas científicos e catástrofes humanitárias cada vez mais urgentes parecem ter pouca ou nenhuma capacidade de sensibilização junto à população. Ou pior, muitas vezes geram movimentos negacionistas, uma realidade exemplificada de maneira genial no filme Não Olhe Para Cima, de 2021.

A forma como a sustentabilidade é comunicada – e, portanto, percebida pela população – foi uma das principais razões apuradas. Por exemplo, pesquise “sustentabilidade” em qualquer buscador de imagens e o resultado, invariavelmente, serão milhares de imagens e desenhos de plantinhas, de mãos protegendo plantinhas, o planeta Terra com plantinhas, no máximo um ou outro símbolo de reciclagem, revelando uma percepção equivocada, mas ainda profundamente enraizada, de que a sustentabilidade é apenas e tão somente “verde”.

Boa parte das pessoas que vive em centros urbanos (mais de 80% do total no Brasil) não compreende a complexa relação entre a natureza e a cidade, por exemplo os serviços ecossistêmicos prestados pela biodiversidade, como a regulação do clima ou a polinização de culturas, só para citar dois deles. Tampouco ajudam os estereótipos pouco atraentes geralmente ligados ao ambientalismo, como o do ecochato ou do ativista radical. Sobre esse último ponto, recomendo muito o vídeo Follow the Frog, da Rainforest Alliance, que exemplifica de modo genial a questão.

O papel do setor privado na sustentabilidade do planeta

Ao entrar de vez no radar do setor privado, sobretudo pelos efeitos econômicos trilionários das mudanças climáticas (o furacão Katrina nos EUA, em 2005, foi um marco histórico) e por conceitos inovadores como o “triple bottom line”, de John Elkington, a sustentabilidade ganhou um peso inédito nas discussões da sociedade contemporânea. Mas com isso vieram também os exageros. Atributos de sustentabilidade de um produto, um plano de redução de resíduos ou de emissões internas ou a simples prática da filantropia tornavam uma marca inteira “sustentável” em peças e anúncios publicitários.

De uma hora para outra, o termo invadiu as casas e telas ao redor do planeta, gerando mais confusão e desconfiança do que esclarecimento nos consumidores. Isso sem falar nos casos de greenwashing (usar argumentos “verdes” na comunicação sem qualquer fundamento para isso) ou nas discussões que de tempos em tempos reaparecem em torno do abismo entre discurso e prática quando o assunto é sustentabilidade corporativa, tema recorrente inclusive na atual discussão sobre a agenda ESG.

Há ainda uma série de outros fatores, que passam pela dificuldade de se comunicar adequadamente um tema tão multifacetado e sistêmico, a explosão de narrativas e notícias falsas nas redes sociais e até a baixa predisposição das pessoas de se envolverem em discussões que acabam gerando mais medo e ansiedade do que conforto e segurança sobre o nosso futuro.

O grande problema disso é o seu resultado prático: sem a percepção e o nível de engajamento adequado na opinião pública, a sustentabilidade jamais será tema prioritário nas mesas de discussões, não ocupará lugar de destaque na agenda política e regulatória e não terá a atenção e a quantidade de recursos necessárias. Em resumo, avançaremos pouco na solução dos desafios reais da sustentabilidade sem endereçarmos esse complexo desafio da comunicação.

A boa notícia é que, ao conseguirmos superar essa etapa, tudo ficará mais fácil. Não há como não se encantar pela sustentabilidade, seja você um economista, um biólogo ou um ativista. Como dizia o poeta francês Victor Hugo, “nada é tão poderoso como uma ideia cujo tempo chegou”. Não se trata de uma agenda ideológica ou partidária, mas sim de aplicarmos mais inteligência (inclusive a artificial) no modo como nos organizamos, como usamos os nossos recursos, como produzimos, como consumimos, como nos locomovemos, entre outros. E se estamos vendo na crise climática um futuro difícil, talvez ela carregue consigo também uma oportunidade: a de finalmente colocar essa pauta, ainda que pelos motivos errados, no lugar de destaque que merece.

Por: André Palhano

André Palhano (@andrepalhano) é jornalista e fundador da Virada Sustentável, o maior festival de sustentabilidade da América Latina, envolvendo articulação e participação direta de centenas de organizações da sociedade civil, empresas, órgãos públicos, artistas, universidades e escolas, realizado desde 2011 em diferentes capitais brasileiras.

Conheça a Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

podcasts

Podcast 796 – Do esporte de alta performance à jornada da ClearSale

Rio Bravo entrevista Pedro Chiamulera.

Pedro Chiamulera teve uma vida totalmente diferente antes de fundar, em 2001, da ClearSale, uma solução antifraude white label e customizada para cada cliente. Ainda na adolescência, Chiamulera se tornou velocista e, anos depois, participou de duas edições dos Jogos Olímpicos, em 1992 em Barcelona e em 1996 em Atlanta. Na entrevista que concede ao nosso Podcast, Pedro Chiamulera articula essa experiência à sua trajetória profissional, além de destacar as características da tecnologia antifraude, bem como sua visão para essa modalidade de negócio daqui para frente.

Podcast Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

artigos

Dicas de Conteúdo O melhor da semana para você

Livro: A Coragem de não Agradar – Ichiro Kishimi e Fumitake Koga

 O livro, em formato de diálogo entre um filósofo e um jovem, trata das ideias de Alfred Adler. Pra quem não tem familiaridade com temas psicológicos, o livro surpreende por rebater as grandes ideias de Sigmund Freud, difundidas e aceita pela maioria da sociedade. As discussões entre o jovem e o filósofo que traz a tona temas complexos, mas enfrentados por todos em vários momentos da vida, como auto aceitação, capacidade de mudar, relações interpessoais e traumas, são intrigantes, e as soluções exploradas pelo livro são desconcertantes.

Podcast: Histórias em Meia Hora

O podcast, criado pelo professor de história Vitor Soares, conta trechos importantes da história nacional e mundial em 30 minutos! Passando pelo Império Otomano até a criação da Yakuza, ou pulando para as Cruzadas e saltando para a história do Budismo e depois para um detalhado episódio sobre Leonardo da Vinci, o podcast aborda todo e qualquer tema de forma informal e direta e envolvente.

Whiplash: em busca da perfeição

Até que ponto se pode ir para se alcançar a perfeição? Qual a definição de sucesso? Qual o custo? O tema central deste filme é a possível contradição entre sucesso e equilíbrio. Mais ainda, o papel de um tutor na formação de um aluno. O filme retrata a história de um baterista que acaba se encantando por seu professor e pelos métodos agressivos de força-lo ao limite com o objetivo de se tornar um grande nome no cenário do jazz americano.

Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

artigos

As Melhores Dicas Culturais – O melhor da semana para você

Dicas culturais e de entretenimento

Livro: Para Poder Viver  

Yeonmi Park relata em “Para Poder Viver” a sua fuga da Coreia do Norte e o caminho que teve que percorrer rumo à liberdade. A autobiografia relata a infância de Yeonmi na ditadura Norte-Coreana e a sua travessia pela China até a Coreia do Sul. É uma história impressionante de muita coragem e perseverança, que demonstra a luta da autora e sua vontade de viver.

Podcast: Endörfina  

O podcast Endörfina de Michel Bögli convida atletas, empresários, treinadores e diversas outras pessoas que possuem uma paixão pelo esporte a relatar suas histórias. Em cada episódio, os ouvintes têm a oportunidade de conhecer melhor a trajetória dos convidados do podcast e saber o que os tornam grandes campeões e pessoas de muito sucesso.

Musical Beetlejuice

Nos anos 80, Tim Burton lançou a comédia “Beetlejuice – Os fantasmas se divertem”, que foi um grande sucesso. Em 2019, o filme virou um musical da Broadway, indicado a diversos Tony’s Awards. Agora, o musical finalmente chegou ao Brasil com a direção de Tadeu Aguiar e o protagonista Eduardo Sterblitch. A peça está ocorrendo no Teatro Liberdade, em São Paulo, até o dia 28 de abril de 2024.  

Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

Artigos

Nem nem

O grande evento do mês de março de 2024 não foi uma vírgula, mas foi perto. Foi um plural no comunicado do COPOM.

Mais precisamente o modo como o COPOM enuncia o que se conhece no idioma dos especialistas como forward guidance: o comitê antevê uma redução na Selic semelhante “na próxima” reunião, e não mais nas próximas, como nos comunicados anteriores.

Mensagem do COPOM

O plural do COPOM faz toda a diferença. E a mensagem parece clara: está chegando a hora de parar de reduzir os juros, ou de reduzir o ritmo de queda. Provavelmente não na próxima, nos dias 7 e 8 de maio (quando se espera mais uma redução de 0,5% na Selic, para 10,15%), mas na seguinte.

O comitê cogitou expressamente “um ritmo mais lento de distensão monetária” na direção do que designou como “taxa terminal”, aquela que vai encerrar esse ciclo de baixa.

A taxa terminal deveria estar próxima da “taxa neutra”, aquela que não é nem contracionista nem expansionista.

Não deve haver dúvida: o mês de março de 2024 testemunhou uma calmaria imensa, uma falta de assunto gritante, como se pode ver pelo debate sobre a gramática das atas do COPOM. A monotonia também é perceptível quando as atenções se voltam para os bancos centrais do exterior, especialmente os de segunda linha.

Em março, o mercado teria se impressionado com a ousadia do banco central da Suíça, que teria acelerado cortes já programados em sua taxa de juros. Também o do México teria sido ousado nos cortes, em decisões que não foram unânimes. A inflação estaria mais bem-comportada do que se esperava, na Suíça como no México, bem como no Peru e na Colômbia.

Talvez seja falta de assunto mesmo.

Ou seria uma indicação de que a nossa vizinhança, com as incontornáveis exceções da Argentina e da Venezuela, estaria adquirindo um aspecto mais asiático? Seria indicação de isolamento futuro no Brasil com juros reais muito elevados e inflação muito baixa?

Nada contra a monotonia, inclusive, quando se lembra que março de 2024 é o mês que assinala o 30º aniversário do lançamento da URV (unidade real de valor) que dava início à reforma monetária que ficaria conhecida como o Plano Real. Viemos de muito longe, quando a inflação era de 30% ao mês ou mais.

A calmaria vem com indicadores de atividade que não são especialmente bons. Mas não são ruins. Os adjetivos se alternam nas avaliações sobre o mercado de trabalho no Brasil. Afinal, a política macro deste governo de fato não possui coloração muito definida, ao menos por ora. A monetária é mais para ortodoxa, por conta da autonomia do Banco Central e das metas para a inflação. Mas a fiscal não é bem heterodoxa, tampouco a soma das duas.

Talvez seja a véspera de um embate que é clássico em governos populistas: tight money, loose fiscal. Para o contexto brasileiro, esse tipo de tensão teria um componente institucional mais sensível, pois, afinal, é a primeira presidência da República com um Banco Central tripulado por nomeados pelo presidente anterior. Um processo de crowding out pode ser mais tenso do que o habitual, sobretudo a partir do segundo semestre de 2024, por conta da definição do substituto de Roberto Campos Neto

A economia não foi um tema na eleição, nem fez parte dos grandes debates políticos nos últimos tempos, como se sabe. A índole da política econômica na terceira presidência Lula permanece em processo de definição. Nem é uma política (fiscal) ortodoxa, a despeito das intenções declaradas, nem heterodoxa. Ao menos por ora. Nem gastança, nem austeridade. Não há propriamente superávit, nem déficit. Há intenções, hesitações e diferenças de opinião, mas só saberemos qual é a política fiscal ao final do exercício, feitas as contas do resultado. E não será um resultado planejado, mas o produto de forças contraditórias.

Não é bem o Congresso que pressiona na direção do keynesianismo, como no passado. O Congresso disputa recursos para suas emendas paroquiais, ou seja, almeja parcela maior sobre o total de gastos para alimentar gastos nas suas bases, cuja escala não é propriamente juscelinista. Não se trata propriamente de uma demanda por grandes obras com efeitos muito significativos sobre o aspecto geral da política fiscal. Nesse contexto, o Congresso não tem sido dominante, nem submisso no tocante à política fiscal.

É bem possível que fique assim, nem bom nem ruim, a véspera de alguma coisa, por muito tempo ainda. O aggiornamento, ou a perestroika, da política econômica lulista ainda está para acontecer.

Por: Gustavo Franco, Senior Advisor da Rio Bravo

Conheça a Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

artigos

Obras com temas do universo feminino – A inclusão começa por você

Com o fimdo mês da mulher, a Rio Bravo selecinou as 6 livros inspiradores com temas do universo feminino ou escrito por mulheres.

Encerrando as comemorações do mês de março, selecionamos 6 livros inspiradores com temas do universo feminino ou escritos por mulheres e que abordam a Diversidade e Inclusão.

6 livros inspirados no universo feminino ou escritos por mulheres

Garota, Mulher, Outras – Bernardine Evaristo

Um romance surpreendentemente atual e engenhoso sobre identidade, raça e sexualidade, vencedor do Booker Prize em 2019. O pano de fundo dessas histórias é uma Londres dividida e hostil, logo após a votação do Brexit: um lugar onde as pessoas lutam para sobreviver, muitas vezes sem esperança, sem que as suas necessidades sejam atendidas e sem que sejam ouvidas. Nesse ambiente opressor, as vozes de Garota, mulher, outras formam um coro e levantam reflexões poderosas sobre o machismo, o racismo e a estrutura da sociedade.

Por um feminismo afro-latino-americano- Lélia Gonzales

O livro  reúne em um só volume um panorama amplo da obra desta pensadora tão múltipla quanto engajada. São textos produzidos durante um período efervescente que compreende quase duas décadas de história ― de 1979 a 1994 ― e que marca os anseios democráticos do Brasil e de outros países da América Latina e do Caribe.

Além dos ensaios já consagrados, fazem parte desse legado artigos de Lélia que saíram na imprensa, entrevistas antológicas, traduções inéditas e escritos dispersos, como a carta endereçada a Chacrinha, o Velho Guerreiro. O livro traz ainda uma introdução crítica e cronologia de vida e obra da autora.
Irreverente, interseccional, de colonial, polifônica, erudita e ao mesmo tempo popular, Lélia Gonzalez transitava da filosofia às ciências sociais, da psicanálise ao samba e aos terreiros de candomblé.

Será que sou feminista? – Alma Guillermoprieto

Escrito por uma das principais jornalistas da América Latina, um manifesto corajoso, livre de doutrinas, para que possamos cada vez mais pensar (e viver) o feminismo em toda a sua diversidade.

Alma Guillermoprieto dedicou grande parte de sua carreira a cobrir conflitos e movimentos sociais por toda a América Latina. Ao longo de sua trajetória retratou em crônicas e reportagens a história de mulheres comuns, sobreviventes dos mais diversos tipos de violência.

Pequeno Manual Antirracista – Djamila Ribeiro

Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.

.

Sejamos todos feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

Este livro é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações. Neste ensaio preciso e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para mostrar que muito ainda precisa ser feito até que alcancemos a igualdade de gênero.

Extraordinárias – Mulheres que revolucionaram o Brasil – Aryane Cararo e Duda Porto de Souza

Conta a história de brasileiras que impactaram a nossa história e, indiretamente, a nossa vida, mas raramente aparecem nos livros. Este livro de 2017, resultado de uma extensa pesquisa, chegou para trazer o reconhecimento que elas merecem.

Você vai encontrar perfis de revolucionárias de etnias e regiões variadas, que viveram desde o século XVI até a atualidade, e conhecer os retratos de cada uma delas, feitos por artistas brasileiras. O que todas essas mulheres têm em comum? A força extraordinária para lutar por seus ideais e transformar o Brasil.

Lembre-se: a diferença está no detalhe, empatia é fundamental e sempre é tempo de mudarmos nossa forma de pensar e agir.

Diversidade e Inclusão na Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

podcasts

Podcast 795 – Luciana Temer: “O Brasil é muito condescendente com a exploração infantil”

Luciana Temer e toda a sua trajetória no Instituto Liberta

Advogada de formação e professora de direito constitucional na PUC-SP, Luciana Temer já ocupou algumas posições na administração pública, como secretária de juventude, esporte e lazer do primeiro governo Geraldo Alckmin no estado de São Paulo e também como secretária de assistência e desenvolvimento social da gestão Fernando Haddad na prefeitura da capital paulista. Na entrevista que concede ao nosso Podcast, Luciana Temer conta como uma conversa com empresário e filantropo Elie Horn a trouxe para o Instituto Liberta, organização social que trabalha pelo fim de todas as violências sexuais contra crianças e adolescentes por meio da comunicação e da conscientização. Além de comentar a atuação do Instituto, a advogada explica por que o Brasil fala tão pouco a respeito desse assunto.

Em tempo: se presenciar qualquer situação de abuso, não hesite em contatar as autoridades. Busque ajuda. Não seja indiferente.

Podcast Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

Artigos

Legado das cinzas: consequências do narcotráfico e do garimpo ilegal

Consequências do narcotráfico e do garimpo ilegal na Amazônia. Saiba mais!

A América do Sul há décadas tem sido identificada como a maior produtora de cocaína do mundo. Para além disso, nas fronteiras fluviais amazônicas, crimes ambientais, como o desmatamento para exploração de madeira e o garimpo ilegal (que também ocorrem há décadas na região), têm adquirido um novo status ao se vincularem com o tráfico de drogas.

Os efeitos ambientais do garimpo ilegal

Sabe-se que o território amazônico vem sendo afetado pela mineração ilegal e que houve um incremento substancial na última década, gerando inúmeros efeitos ambientais e sociais na região.  O documento Nuevo estudio identifica 49 zonas afectadas por la minería ilegal en la Amazonía, da organização Mongabay, traz um importante panorama sobre o fenômeno. Publicado em outubro de 2023, o estudo indica a existência de 58 zonas afetadas pela mineração em bosques ou rios, sendo que 49 são focos ilegais de mineração na Amazônia.

Nota-se uma grande concentração de zonas de exploração ilegais (fluviais e terrestres) no Peru, em suas zonas fronteiriças com a Colômbia, na tríplice fronteira com a Colômbia e Brasil, com a Bolívia e sobretudo com o Equador. Vale mencionar que esses territórios têm demandado “forças extras”, com emprego de empresas de segurança privada, que podem servir ao Estado e/ou aos grupos de mineradores ilegais, o que tem gerado muitos conflitos na região.

Há uma série de elementos cruciais nesse fenômeno que se referem ao ciclo de subdesenvolvimento em que estão inseridas as populações que habitam o entorno dessas regiões: a prática de mineração ilegal contamina as águas, afeta a fauna e impede que atividades legais transcorram normalmente nessas localidades. Afora isso, a mineração impulsiona outras atividades ilegais, como a venda de armas, a lavagem de dinheiro e a prostituição. E vem sendo alvo de interesse de grupos do narcotráfico de maior alcance, com cooperações logísticas entre si. O ciclo do subdesenvolvimento, portanto, vem acompanhado da presença da violência que intimida, ameaça, isola e ataca comunidades locais, especialmente povos originários que habitam esses territórios.

Desde a década de 1980, vem crescendo a atividade de mineração ilegal na região da tríplice fronteira Venezuela-Colômbia-Brasil, atingindo, na fronteira entre Venezuela e Brasil, o Território Indígena Yanomami. Os rios afluentes Orinoco e Rio Negro se tornaram importantes espaços de dragagem, onde, por meio de grandes escavadeiras, o fundo dos rios é “remexido” em busca do ouro. Utiliza-se mercúrio para separar o ouro da terra. Há, nesse processo, ao menos duas consequências imediatas: o “lameamento” das águas, em que os rios vão ficando turvos, afetando a fauna, a pesca, e a própria navegabilidade; e a contaminação dos rios por mercúrio, afetando diretamente a fauna e as populações locais.

Isolamento das tribos indígenas

Outra consequência direta deste processo é o isolamento e a consequente fome das tribos indígenas, que passam a se locomover pelos rios com maior dificuldade perante os operadores da mineração ilegal, que bloqueiam os rios com os maquinários e impedem sua passagem. Segundo o Ministério da Saúde e inúmeras fontes divulgadas a partir de 20 de janeiro de 2023, entre 2018 e 2022, 570 crianças Yanomamis morreram como consequência da contaminação por mercúrio, desnutrição e fome.

Existem, nesse caso, relatos de violência aberta, ameaças e intimidação à população indígena. Observam-se também episódios de conivência e omissão governamental, o que poderia ser indício de corrupção nestas regiões. Assim, todo o arco leste da região amazônica está sendo cercado pelo desmatamento, do mesmo modo como é possível visualizar o “sufocamento” da Terra Indígena Yanomami, cercada por focos de mineração ilegal, pistas clandestinas e o próprio desmatamento. Vale notar que tanto os desmatamentos quanto os focos de mineração ilegal seguem as margens dos rios afluentes, sendo esses, portanto, os “corredores naturais” para tais atividades.

Segundo o relatório[3] do Instituto Igarapé, dos lados colombiano e venezuelano, as atividades de mineração ilegal ocorrem, entre outros atores, sob o controle de dissidentes das ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN).

Enquanto isso, no Brasil, conforme relato obtido em entrevista a um militar colombiano, em setembro de 2023, tem ocorrido uma cada vez maior atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), que está dando cobertura tática à operação da mineração ilegal em troca de percentuais da exploração do ouro. Na prática, essa organização criminosa passa a ser a manutenção e controle da “segurança” desta operação na região. As pistas clandestinas, nesse sentido, muito próximas aos rios afluentes e às zonas de mineração ilegal, teriam uso duplo: escoamento de drogas e de ouro, sendo controladas (seu custo operacional e segurança) por grandes grupos de narcotraficantes.

Acerca da presença do crime organizado, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) publicou, em junho de 2023, o Informe Especial intitulado “Segurança Pública e Crime Organizado na Amazônia Legal” a fim de mostrar o exponencial crescimento da presença do crime organizado na região amazônica, acompanhado do aumento dos números da violência na região.

A região da Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba oito estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parcialmente o Maranhão. Nela residem 56% da população indígena brasileira. O território possui a maior biodiversidade do mundo e uma riqueza a partir da presença dos povos indígenas imensuráve. (IPEA, 2008)

Segundo o Informe, desde 2012, a região possui índices de violência mais elevados que a média nacional. Dentre os estados, o Amazonas apresentou a maior taxa de crimes violentos letais intencionais: 33,1/ 1000.000, sendo que a média nacional é de 19/100.000. No ano de 2021, segundo os dados do FBSP, o Estado apresentou sua média histórica, com 36,8/100.000, maior índice desde 2009. (FBSP, 2023:5)

De acordo com Atlas da Violência, divulgado pelo IPEA, fica evidente que Amazonas, Roraima, Amapá (estados fronteiriços), Ceará e Bahia são os estados mais violentos do país, o que corrobora a presença de facções na região, em franca disputa pelas rotas internacionais de tráfico de drogas. Apenas em novembro de 2023, o estado do Amapá superou em mais de 100% a média nacional, com 50,6/100.000 mediante 23,3/100.000 da média nacional, seguido do estado do Amazonas, com 38,8/100.000, que segue crescendo, mediante 36,8 /100.000 do ano anterior. As rotas internacionais do tráfico da região amazônica fazem circular 40% do volume total de recursos vinculados ao tráfico de cocaína, que corresponde a 4% do PIB brasileiro.

Disputa de facções

O Norte do país está, portanto, sob franca disputa de diferentes grupos neste momento. E é possível verificar que o Comando Vermelho (CV), facção surgida no Rio de Janeiro, assumiu, em nível nacional, uma disputa com o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Norte e no Nordeste, e hoje é o grupo que mais cresceu na região, tendo disputado intensamente com facções locais, como a Família do Norte, por exemplo, que foi derrotada nos últimos anos.

Entre Letícia e Tabatinga, por exemplo, pode-se observar a incidência de tráfico de armas, contrabando de pescado e biopirataria, migração ilegal internacional, tráfico de drogas, contrabando de madeira, entre outros. Já nas rotas entre Pacaraima e Santa Elena Uairén, há a incidência de contrabando de minerais, imigração ilegal internacional, tráfico de armas, e tráfico de drogas. Vale ressaltar que tais regiões coincidem com aquelas onde há os maiores números de assassinatos de indígenas, o que, portanto, complementa a percepção do quadro geral dos crimes e da violência na região.

Essa complexa interação entre facções na região vem seguindo uma lógica de concentração do monopólio das atividades com a intensificação da presença mais recente do CV na região. Ademais, como também foi possível observar na já mencionada entrevista com militar colombiano, o PCC diversificou suas atividades, formando alianças táticas com grupos de mineração ilegal, e com grupos ligados à prostituição na região.

Esse fato é, sem dúvida, um dos fenômenos que mais explicam a explosão no número de homicídios na região, sobretudo no Amapá e no Amazonas. Outro aspecto que se pode notar é o processo de “interiorização” ou “capilarização” que os grupos vão criando, a partir de pressões fronteiriças, rumo ao interior, especialmente fazendo uso dos sistemas penitenciários para atuar conforme o modelo do PCC. Todos os municípios que estão em disputa observam a presença do CV e do PCC, e em outras regiões, o domínio de um e de outro já se torna mais visível.

A governança do crime se modificou nos últimos anos na região, de modo que duas grandes facções brasileiras hoje disputam territórios e municípios em toda região amazônica: o CV e o PCC, com uma vantagem para o primeiro em termos de territórios conquistados e parcerias com facções locais, como o grupo proveniente da fronteira entre Venezuela e Colômbia: Tren de Aragua. A complexidade, portanto, do tema das ameaças que hoje assolam a região amazônica e as comunidades que ali residem está em ao menos quatro grandes frentes, como a (I) tendência à disputa nacional entre o PCC e CV;  (II) a diversificação das operações para além do tráfico de drogas, como a mineração ilegal e a prostituição; (III) a “interiorização” e penetração nos municípios adjacentes de tamanho médio e pequeno; e, por fim, (IV) maior “sufocamento” e “isolamento” das comunidades indígenas que habitam no Território Indígena.

Finalmente, nota-se que o narcotráfico tem se somado à mineração ilegal e causou danos irreparáveis aos povos Yanomami, gerando pactos de conveniência e explosões de violência, em busca do controle e domínio destas regiões, seja da rota da cocaína, seja do domínio das áreas de mineração; causando ameaças, isolamento, fome, contaminação, exploração sexual, entre outras ameaças aos povos que ali habitam. Buscou-se, assim, chamar a atenção para os danos causados não só ao meio ambiente, mas às populações locais, sobretudo ribeirinhas e indígenas. E nos faz questionar sobre qual é o legado que estamos deixando para gerações futuras? Somos responsáveis pela omissão diante do genocídio de povos indígenas e danos irreparáveis ao Meio Ambiente?

Por: Marília Carolina Barbosa de Souza Pimenta

Certamente que sim. Marília Carolina Barbosa de Souza Pimenta é professora do Departamento de Relações Internacionais da UNESP-Franca. Pesquisadora visitante da Syracuse University-Mohynihan Inst


[1] MONGABAY. Nuevo estudio identifica 49 zonas afectadas por la minería ilegal en la Amazonía. 2023. Disponível em: https://es.mongabay.com/2023/11/zonas-afectadas-por-mineria-ilegal-en-amazonia/. Acesso em 25/03/2024.

[2] FIOCRUZ. O Garimpo Ilegal e o genocídio Yanomami. 2023. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/rr-invasao-de-posseiros-e-garimpeiros-em-terra-yanomami/. Acesso em 25/03/2024

[3] INSTITUTO IGARAPÉ. Amazônia Saqueada: As Raízes do Crime Ambiental nas regiões de Tríplice Fronteira. 2023. Disponível em: https://igarape.org.br/amazonia-saqueada-as-raizes-do-crime-ambiental-nas-regioes-de-triplice-fronteira/. Acesso em 25/03/2024

[4] FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Informe Especial. Segurança Pública e Crime Organizado na Amazônia Legal. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/seguranca-publica-e-crime-organizado-na-amazonia-legal/. Acesso em: 25/03/2024.

[5] IPEA. O que é? Amazônia Legal. Desafios do Desenvolvimento. 5(44). 2008. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2154:catid=28. Acesso em 25/03/2024

[6] FOLHA DE SÃO PAULO. Comando Vermelho e PCC avançam para presídios de quase todos os estados. 14/12/2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/12/comando-vermelho-e-pcc-avancam-para-presidios-de-quase-todos-os-estados.shtml. Acesso em 25/03/2024.

Conheça a Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você pode ter acesso os mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro dos nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar os nossos principais produtos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!

podcasts

Podcast 794 – Dani Café: head da área operacional da Fiduc

Dani Café: “Não precisa estar com a roupagem ESG para fazer as coisas certas”

No episódio desta semana, nossa convidada é Dani Café, Chief Sustenability Officer e head da área operacional da Fiduc. Como a nossa convidada relata na entrevista, a sua trajetória no mercado financeiro remonta aos anos 1990, quando não havia muitas referências de mulheres nesse segmento. Na entrevista, a executiva conta como foi o processo de ascensão no mercado financeiro sem deixar de lado a criação de quatro filhos. Foi uma das crianças, aliás, que fez com que Dani Café buscasse o sabático. E a nossa entrevistada vai revelar por que esse período foi transformador tanto na vida pessoal quanto na sequência de sua carreira profissional. 

Podcast Rio Bravo Investimentos

Aqui na Rio Bravo você tem acesso aos mais variados conteúdos e serviços disponíveis. Acesse a Órbita e nosso canal no Youtube e fique por dentro de todos os nossos conteúdos! Além disso, você pode conhecer e acompanhar o desempenho do mercado e dos nossos fundos, em dados e análisesinforme de rendimentos entre outros assuntos voltados para investimentos e finançasEntre em contato!