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Legado das cinzas: consequências do narcotráfico e do garimpo ilegal

Consequências do narcotráfico e do garimpo ilegal na Amazônia. Saiba mais!

A América do Sul há décadas tem sido identificada como a maior produtora de cocaína do mundo. Para além disso, nas fronteiras fluviais amazônicas, crimes ambientais, como o desmatamento para exploração de madeira e o garimpo ilegal (que também ocorrem há décadas na região), têm adquirido um novo status ao se vincularem com o tráfico de drogas.

Os efeitos ambientais do garimpo ilegal

Sabe-se que o território amazônico vem sendo afetado pela mineração ilegal e que houve um incremento substancial na última década, gerando inúmeros efeitos ambientais e sociais na região.  O documento Nuevo estudio identifica 49 zonas afectadas por la minería ilegal en la Amazonía, da organização Mongabay, traz um importante panorama sobre o fenômeno. Publicado em outubro de 2023, o estudo indica a existência de 58 zonas afetadas pela mineração em bosques ou rios, sendo que 49 são focos ilegais de mineração na Amazônia.

Nota-se uma grande concentração de zonas de exploração ilegais (fluviais e terrestres) no Peru, em suas zonas fronteiriças com a Colômbia, na tríplice fronteira com a Colômbia e Brasil, com a Bolívia e sobretudo com o Equador. Vale mencionar que esses territórios têm demandado “forças extras”, com emprego de empresas de segurança privada, que podem servir ao Estado e/ou aos grupos de mineradores ilegais, o que tem gerado muitos conflitos na região.

Há uma série de elementos cruciais nesse fenômeno que se referem ao ciclo de subdesenvolvimento em que estão inseridas as populações que habitam o entorno dessas regiões: a prática de mineração ilegal contamina as águas, afeta a fauna e impede que atividades legais transcorram normalmente nessas localidades. Afora isso, a mineração impulsiona outras atividades ilegais, como a venda de armas, a lavagem de dinheiro e a prostituição. E vem sendo alvo de interesse de grupos do narcotráfico de maior alcance, com cooperações logísticas entre si. O ciclo do subdesenvolvimento, portanto, vem acompanhado da presença da violência que intimida, ameaça, isola e ataca comunidades locais, especialmente povos originários que habitam esses territórios.

Desde a década de 1980, vem crescendo a atividade de mineração ilegal na região da tríplice fronteira Venezuela-Colômbia-Brasil, atingindo, na fronteira entre Venezuela e Brasil, o Território Indígena Yanomami. Os rios afluentes Orinoco e Rio Negro se tornaram importantes espaços de dragagem, onde, por meio de grandes escavadeiras, o fundo dos rios é “remexido” em busca do ouro. Utiliza-se mercúrio para separar o ouro da terra. Há, nesse processo, ao menos duas consequências imediatas: o “lameamento” das águas, em que os rios vão ficando turvos, afetando a fauna, a pesca, e a própria navegabilidade; e a contaminação dos rios por mercúrio, afetando diretamente a fauna e as populações locais.

Isolamento das tribos indígenas

Outra consequência direta deste processo é o isolamento e a consequente fome das tribos indígenas, que passam a se locomover pelos rios com maior dificuldade perante os operadores da mineração ilegal, que bloqueiam os rios com os maquinários e impedem sua passagem. Segundo o Ministério da Saúde e inúmeras fontes divulgadas a partir de 20 de janeiro de 2023, entre 2018 e 2022, 570 crianças Yanomamis morreram como consequência da contaminação por mercúrio, desnutrição e fome.

Existem, nesse caso, relatos de violência aberta, ameaças e intimidação à população indígena. Observam-se também episódios de conivência e omissão governamental, o que poderia ser indício de corrupção nestas regiões. Assim, todo o arco leste da região amazônica está sendo cercado pelo desmatamento, do mesmo modo como é possível visualizar o “sufocamento” da Terra Indígena Yanomami, cercada por focos de mineração ilegal, pistas clandestinas e o próprio desmatamento. Vale notar que tanto os desmatamentos quanto os focos de mineração ilegal seguem as margens dos rios afluentes, sendo esses, portanto, os “corredores naturais” para tais atividades.

Segundo o relatório[3] do Instituto Igarapé, dos lados colombiano e venezuelano, as atividades de mineração ilegal ocorrem, entre outros atores, sob o controle de dissidentes das ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN).

Enquanto isso, no Brasil, conforme relato obtido em entrevista a um militar colombiano, em setembro de 2023, tem ocorrido uma cada vez maior atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), que está dando cobertura tática à operação da mineração ilegal em troca de percentuais da exploração do ouro. Na prática, essa organização criminosa passa a ser a manutenção e controle da “segurança” desta operação na região. As pistas clandestinas, nesse sentido, muito próximas aos rios afluentes e às zonas de mineração ilegal, teriam uso duplo: escoamento de drogas e de ouro, sendo controladas (seu custo operacional e segurança) por grandes grupos de narcotraficantes.

Acerca da presença do crime organizado, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) publicou, em junho de 2023, o Informe Especial intitulado “Segurança Pública e Crime Organizado na Amazônia Legal” a fim de mostrar o exponencial crescimento da presença do crime organizado na região amazônica, acompanhado do aumento dos números da violência na região.

A região da Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba oito estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parcialmente o Maranhão. Nela residem 56% da população indígena brasileira. O território possui a maior biodiversidade do mundo e uma riqueza a partir da presença dos povos indígenas imensuráve. (IPEA, 2008)

Segundo o Informe, desde 2012, a região possui índices de violência mais elevados que a média nacional. Dentre os estados, o Amazonas apresentou a maior taxa de crimes violentos letais intencionais: 33,1/ 1000.000, sendo que a média nacional é de 19/100.000. No ano de 2021, segundo os dados do FBSP, o Estado apresentou sua média histórica, com 36,8/100.000, maior índice desde 2009. (FBSP, 2023:5)

De acordo com Atlas da Violência, divulgado pelo IPEA, fica evidente que Amazonas, Roraima, Amapá (estados fronteiriços), Ceará e Bahia são os estados mais violentos do país, o que corrobora a presença de facções na região, em franca disputa pelas rotas internacionais de tráfico de drogas. Apenas em novembro de 2023, o estado do Amapá superou em mais de 100% a média nacional, com 50,6/100.000 mediante 23,3/100.000 da média nacional, seguido do estado do Amazonas, com 38,8/100.000, que segue crescendo, mediante 36,8 /100.000 do ano anterior. As rotas internacionais do tráfico da região amazônica fazem circular 40% do volume total de recursos vinculados ao tráfico de cocaína, que corresponde a 4% do PIB brasileiro.

Disputa de facções

O Norte do país está, portanto, sob franca disputa de diferentes grupos neste momento. E é possível verificar que o Comando Vermelho (CV), facção surgida no Rio de Janeiro, assumiu, em nível nacional, uma disputa com o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Norte e no Nordeste, e hoje é o grupo que mais cresceu na região, tendo disputado intensamente com facções locais, como a Família do Norte, por exemplo, que foi derrotada nos últimos anos.

Entre Letícia e Tabatinga, por exemplo, pode-se observar a incidência de tráfico de armas, contrabando de pescado e biopirataria, migração ilegal internacional, tráfico de drogas, contrabando de madeira, entre outros. Já nas rotas entre Pacaraima e Santa Elena Uairén, há a incidência de contrabando de minerais, imigração ilegal internacional, tráfico de armas, e tráfico de drogas. Vale ressaltar que tais regiões coincidem com aquelas onde há os maiores números de assassinatos de indígenas, o que, portanto, complementa a percepção do quadro geral dos crimes e da violência na região.

Essa complexa interação entre facções na região vem seguindo uma lógica de concentração do monopólio das atividades com a intensificação da presença mais recente do CV na região. Ademais, como também foi possível observar na já mencionada entrevista com militar colombiano, o PCC diversificou suas atividades, formando alianças táticas com grupos de mineração ilegal, e com grupos ligados à prostituição na região.

Esse fato é, sem dúvida, um dos fenômenos que mais explicam a explosão no número de homicídios na região, sobretudo no Amapá e no Amazonas. Outro aspecto que se pode notar é o processo de “interiorização” ou “capilarização” que os grupos vão criando, a partir de pressões fronteiriças, rumo ao interior, especialmente fazendo uso dos sistemas penitenciários para atuar conforme o modelo do PCC. Todos os municípios que estão em disputa observam a presença do CV e do PCC, e em outras regiões, o domínio de um e de outro já se torna mais visível.

A governança do crime se modificou nos últimos anos na região, de modo que duas grandes facções brasileiras hoje disputam territórios e municípios em toda região amazônica: o CV e o PCC, com uma vantagem para o primeiro em termos de territórios conquistados e parcerias com facções locais, como o grupo proveniente da fronteira entre Venezuela e Colômbia: Tren de Aragua. A complexidade, portanto, do tema das ameaças que hoje assolam a região amazônica e as comunidades que ali residem está em ao menos quatro grandes frentes, como a (I) tendência à disputa nacional entre o PCC e CV;  (II) a diversificação das operações para além do tráfico de drogas, como a mineração ilegal e a prostituição; (III) a “interiorização” e penetração nos municípios adjacentes de tamanho médio e pequeno; e, por fim, (IV) maior “sufocamento” e “isolamento” das comunidades indígenas que habitam no Território Indígena.

Finalmente, nota-se que o narcotráfico tem se somado à mineração ilegal e causou danos irreparáveis aos povos Yanomami, gerando pactos de conveniência e explosões de violência, em busca do controle e domínio destas regiões, seja da rota da cocaína, seja do domínio das áreas de mineração; causando ameaças, isolamento, fome, contaminação, exploração sexual, entre outras ameaças aos povos que ali habitam. Buscou-se, assim, chamar a atenção para os danos causados não só ao meio ambiente, mas às populações locais, sobretudo ribeirinhas e indígenas. E nos faz questionar sobre qual é o legado que estamos deixando para gerações futuras? Somos responsáveis pela omissão diante do genocídio de povos indígenas e danos irreparáveis ao Meio Ambiente?

Por: Marília Carolina Barbosa de Souza Pimenta

Certamente que sim. Marília Carolina Barbosa de Souza Pimenta é professora do Departamento de Relações Internacionais da UNESP-Franca. Pesquisadora visitante da Syracuse University-Mohynihan Inst


[1] MONGABAY. Nuevo estudio identifica 49 zonas afectadas por la minería ilegal en la Amazonía. 2023. Disponível em: https://es.mongabay.com/2023/11/zonas-afectadas-por-mineria-ilegal-en-amazonia/. Acesso em 25/03/2024.

[2] FIOCRUZ. O Garimpo Ilegal e o genocídio Yanomami. 2023. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/rr-invasao-de-posseiros-e-garimpeiros-em-terra-yanomami/. Acesso em 25/03/2024

[3] INSTITUTO IGARAPÉ. Amazônia Saqueada: As Raízes do Crime Ambiental nas regiões de Tríplice Fronteira. 2023. Disponível em: https://igarape.org.br/amazonia-saqueada-as-raizes-do-crime-ambiental-nas-regioes-de-triplice-fronteira/. Acesso em 25/03/2024

[4] FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Informe Especial. Segurança Pública e Crime Organizado na Amazônia Legal. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/seguranca-publica-e-crime-organizado-na-amazonia-legal/. Acesso em: 25/03/2024.

[5] IPEA. O que é? Amazônia Legal. Desafios do Desenvolvimento. 5(44). 2008. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2154:catid=28. Acesso em 25/03/2024

[6] FOLHA DE SÃO PAULO. Comando Vermelho e PCC avançam para presídios de quase todos os estados. 14/12/2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/12/comando-vermelho-e-pcc-avancam-para-presidios-de-quase-todos-os-estados.shtml. Acesso em 25/03/2024.

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A tempestade perfeita da educação brasileira

BNCC e a nova proposta de ensino na educação brasileira

Apesar dos desafios estruturais, este é o momento ideal para uma nova proposta de ensino no país, rompendo de vez com o formato verticalizado

Os problemas da educação pública brasileira são bastante conhecidos há décadas e podem ser analisados por diferentes ângulos.

Podemos começar pelos problemas estruturais, que são os mais visíveis, com suas instalações sempre defasadas e insuficientes, e suas dificuldades logísticas, especialmente em escolas da zona rural. Já no fator humano, soa o alerta para um grande contingente de alunos que fazem sua única refeição completa justamente na escola.

Do ponto de vista político, as constantes trocas de diretorias e a descontinuidade de políticas públicas persistem, ferindo todos os critérios de impessoalidade que deveriam pautar a gestão pública (isso quando não há malversação dos recursos públicos).

E no aspecto pedagógico, debate-se muito a questão de professores mal remunerados e/ou mal preparados, sem dar devida atenção a uma questão anterior: a metodologia. A educação precisa repensar suas práticas, de forma a tornar o ensino mais significativo para o aluno. Junto a problemas socioeconômicos, a desmotivação é apontada como uma das maiores responsáveis para a evasão escolar.

Chegada e o impacto da BNCC

Por esta razão, boa parte da comunidade escolar recebeu bem a chegada da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Homologada em dezembro de 2017, após anos de discussões e algumas reescritas, a educação brasileira dava, enfim, um passo importante em direção ao século XXI.

Os dois anos seguintes foram de compreensão e estudo do documento. Muitos municípios promoveram formações com os professores da rede, e as primeiras iniciativas para colocar algumas dessas novas diretrizes em prática foram testadas. Era, como se sabia, um processo lento e exigia o esforço coletivo dentro da comunidade escolar.

Porém, esse movimento sofreu uma freada brusca em 2020. Se era comum ouvir que “o mundo parou” em função da pandemia, no caso da educação pública brasileira, não era força de expressão. Estudos mensurando o tamanho do estrago começaram a sair ainda em 2021.

Dados da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (Seduc-SP) mostraram quedas de pontuação de 46 pontos em matemática e de 29 pontos em português, no comparativo com 2019 e calculou que os atrasos de aprendizado podem demorar até 11 anos para serem revertidos. Já a Unicef foi ainda mais alarmista, apontando uma “erosão” no ensino, com “perdas quase irrecuperáveis” para uma geração inteira, que foi profundamente afetada.

Nova Proposta de Ensino junto a modernidade

É fato que a educação brasileira não estava preparada para a digitalização do ensino, imposta à força pela pandemia. Mesmo as escolas privadas tiveram de implementar às pressas seus sistemas de Ensino a Distância. Já o ensino público não dispunha de tais instrumentais e, desta forma, teve de fechar as portas, só abrindo parcialmente, seguindo as orientações sanitárias constantemente atualizadas pelas secretarias de saúde.

Em muitos municípios no interior do Brasil a realidade se impôs com mais virulência: o ensino deixou de existir por dois anos. A educação no país, como um todo, só foi retomada integralmente com suas atividades presenciais a partir do segundo semestre de 2022. Uma difícil readaptação que se acumulou a todos os problemas já existentes antes da pandemia, tornando o desafio ainda maior.

Oportunidade para reinvenção

Depois de tantas más notícias, você, leitor, pode estar se perguntando como seria possível resolver tantos problemas que se somam e se retroalimentam. Mas há solução.

O melhor caminho para recomeçar está justamente na retomada da implementação da BNCC. Ao contrário do que muita gente pensa, ela não veio para pressionar ainda mais a já pesada carga horária dos professores. Veio para substituir metodologias ultrapassadas que só contribuem para esvaziar o ensino de significado e encher as fileiras da evasão escolar.

Essa implementação vai facilitar a vida não apenas de quem ensina, mas também de quem aprende. Educação interdisciplinar, temas transversais, Educação Ambiental, atividades práticas com sustentabilidade, Educação Financeira, gamificação, atividades no contra turno, projetos, eletivas. Tudo isso se soma na busca pelas habilidades socioemocionais e cognitivas, tão almejadas pela educação moderna.

Com o vácuo de ensino deixado pela pandemia, o que seria a tempestade perfeita pode ser vista como a janela de oportunidade para essa reinvenção.

Este é o momento de trazer um novo olhar para a educação, romper de vez com o ensino verticalizado. É o momento também de redefinir a figura do professor, que deixa para trás o papel de autoridade detentora de todo o conhecimento para se tornar um mentor/mediador, que promove diálogos.

Por essa razão, um dos principais esforços hoje está na valorização e na formação de professores. A pandemia obrigou o sistema de ensino a derrubar muitas barreiras digitais, o que abriu uma nova proposta de ensino, com a Educação a Distância.

Hoje é possível formar professores da rede pública a distância em diversas temáticas interdisciplinares alinhadas à BNCC, municiando-os com material pedagógico, claro, mas principalmente com novas práticas, que podem ser desenvolvidas dentro e fora da sala de aula, além de promover a integração da comunidade escolar e a multiplicação desses aprendizados entre outras escolas e educadores. E tudo isso pode ser alcançado sem a necessidade de grandes somas de dinheiro.

Como dito há pouco, a caminhada é longa, mas o principal já temos: sabemos qual é o destino que buscamos, sabemos qual é o melhor caminho e possuímos os meios para realizar essa travessia.

                                                                                                                                             Por Diogo Salles

*Diogo Salles é graduado em Comunicação Social, pós-graduado em Projetos Sociais e Políticas Públicas e atua pelo Instituto Brasil Solidário, que trabalha a educação interdisciplinar


[1] Sobre o estrago provocado pela pandemia no contexto da educação, acessar o link a seguir: https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/01/23/unicef-covid-gerou-erosao-do-ensino-no-brasil-e-retrocesso-de-uma-decada.htm Último acesso em 7 mar. 2024

[2] Para os indicadores acerca da aprendizagem, vale a pena consultar o texto a seguir:

https://www.educacao.sp.gov.br/estudantes-dos-anos-iniciais-tiveram-regressao-na-aprendizagem-durante-pandemia-mostra-avaliacao/ Acesso em 7 mar. 2024.

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Um país solidário e acolhedor – A inclusão começa por você

Ações sociais pelo Brasil

Brasil é conhecido como um país acolhedor, solidário e repleto de ações sociais. Pensando nisso, nessa semana destacamos momentos em que o nosso país demonstrou lições e representações claras do porquê levamos essa “fama” para vários cantos do mundo.

Acolhimento de refugiados Sírios

Nas últimas décadas, o Brasil tem sido receptivo a refugiados de diversas partes do mundo. Durante a crise humanitária na Síria, o país abriu suas portas para receber um número significativo de refugiados, proporcionando-lhes abrigo e oportunidades de reconstruir suas vidas.

  • Programa de Interiorização: em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), o governo brasileiro implementou o programa de interiorização. Esse programa visava transferir refugiados sírios inicialmente instalados em regiões de fronteira para outras partes do Brasil, promovendo uma distribuição mais equitativa e facilitando sua inserção em novas comunidades.
  • Rede de Apoio Comunitário: diversas organizações não governamentais, como o Instituto Adus, o Caritas Arquidiocesana de São Paulo, e a ONG Migraflix, criaram redes de apoio comunitário. Essas redes ofereciam suporte emocional, assistência jurídica, aulas de língua portuguesa e orientação para questões práticas do cotidiano, auxiliando os refugiados sírios em sua adaptação ao novo ambiente.

Essas e mais outras ações sociais demonstram o esforço conjunto de diferentes setores da sociedade brasileira em criar um ambiente acolhedor e inclusivo para os refugiados sírios, promovendo sua integração e contribuição positiva para a comunidade.

Ações Solidárias durante a Pandemia (2020-2021):

Durante a pandemia de COVID-19, inúmeras iniciativas solidárias surgiram em todo o Brasil, desde a distribuição de alimentos e produtos de higiene até a criação de redes de apoio para ajudar aqueles que foram mais impactados pela crise.

Iniciativa “Máscaras pela Vida”

Grupos de costureiras voluntárias, como o “Costurando o Bem”, em diversas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, se uniram para confeccionar e distribuir gratuitamente máscaras de proteção. Essas iniciativas não apenas forneceram equipamentos essenciais, mas também geraram oportunidades de envolvimento comunitário.

Campanha “União Contra a Fome”

Diversas ONGs, empresas e celebridades, incluindo a ONG Ação da Cidadania e o Instituto GPA, se uniram na campanha “União Contra a Fome”. A iniciativa arrecadou toneladas de alimentos e produtos de higiene, beneficiando milhares de famílias em situação de vulnerabilidade social.

Shows Solidários Online

Artistas renomados, como Caetano Veloso, Elba Ramalho e Gilberto Gil, realizaram shows virtuais beneficentes. O “Festival Música em Casa” arrecadou fundos para instituições de saúde e organizações de apoio a profissionais afetados pela pandemia.

Esses exemplos ilustram a diversidade de esforços solidários que ocorreram em diferentes níveis, envolvendo desde indivíduos comuns até organizações de grande porte, todos unidos em prol do bem-estar coletivo durante um momento desafiador.

Lembre-se: a diferença está no detalhe, empatia é fundamental e sempre é tempo de mudarmos nossa forma de pensar e agir.

Aguarde, na próxima sexta-feira, mais dicas para você.

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Novo Arcabouço Fiscal, Regras e Discricionariedade

Entenda tudo sobre o Novo Arcabouço Fiscal

                                                                                                         

No campo fiscal, uma das reformas econômicas mais esperadas desde o começo do Governo Lula foi a definição do novo arcabouço fiscal, ou Regime Fiscal Sustentável, lei que substitui a regra do “teto de gastos”, e que foi sancionada pelo Presidente da República.

Assim como o “teto dos gastos”, o objetivo da nova lei seria estabilizar o grau de endividamento do governo brasileiro, auferido pela razão entre a dívida pública bruta e o produto interno bruto (PIB), que alcança a 84,1%, segundo o critério adotado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), colocando as contas públicas nacionais numa rota de insolvência no longo prazo.

Porém, a nova “âncora fiscal” adotada não trata de realizar um ajuste fiscal, que geralmente implica em redução das despesas públicas e aumento de impostos, para equilibrar o orçamento público.

Pelo contrário, o novo arcabouço fiscal permite que o gasto público cresça, desde que menos do que arrecadação tributária: 70% no caso do cumprimento da meta de resultado primário (receitas menos despesas públicas não financeiras) e 50%, em caso de descumprimento da referida meta.

Nesse sentido, um ponto muito preocupante é que as próprias metas de resultado fiscal primário em que a regra se pauta também podem passar a ser alvo de mudanças extemporâneas, como provavelmente acontecerá com a meta de 2024.

Política econômica deve ser flexível?

Há muito tempo se tem debatido se a política econômica deve ser uma regra, mantida “doa a quem doer”, ou se deve ser discricionária, adaptando-se às condições de curto prazo da economia.

A profissão da economia não se caracteriza por produzir muitos consensos. O grande economista John Maynard Keynes certa vez disse que se perguntassem uma opinião a doze economistas teríamos doze opiniões diferentes.

Contudo, um dos poucos consensos da profissão é privilegiar o estabelecimento de regras na condução da política econômica, pois a discricionariedade leva ao aumento da incerteza na economia, o que, pela dificuldade de projetar cenários futuros, termina por reduzir os investimentos produtivos, e, portanto, o crescimento econômico.

Uma meta fiscal que muda “ao sabor das circunstâncias” deixa de ser uma regra, e no caso brasileiro, além dos efeitos deletérios sobre os investimentos, significaria elevar o risco fiscal e o risco país, gerando maiores cotações do dólar, o que, por sua vez, pode dificultar a redução da inflação, impedindo maior redução dos juros, e assim também prejudicando a capacidade de expansão da atividade econômica.

Assim, ao mudar a meta de resultado primário 2024, e quem sabe as metas estabelecidas para os próximos anos, permitindo expansões adicionais do gasto, pode-se estar gerando maior bem-estar social no curto prazo, porém às custas de hipotecar esse próprio bem-estar a médio e longo prazo, o que em economia se chama de “inconsistência temporal”.

O impacto do novo novo arcabouço fiscal

O mercado, tanto a nível interno como externo, inicialmente recebeu bem o anúncio e a aprovação do novo arcabouço fiscal, porém, se este se mostrar insuficiente para controlar o crescimento do endividamento público e contribuir para elevar o nível de discricionariedade da política fiscal, não somente estará impedindo a recuperação da solvência fiscal do Governo brasileiro, como também limitando as possibilidades de desenvolvimento do País.

Ulisses Ruiz de Gamboa.

ULISSES RUIZ DE GAMBOA é economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP)

Inclusão na Rio Bravo Investimentos

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Brasil 2023: Para entender o impacto das mudanças climáticas

O tema mudanças climáticas já não é mais uma preocupação exclusiva dos ambientalistas. No Brasil e no exterior, os chamados eventos extremos, como enchentes e alagamentos, parecem ser o novo normal, causando pânico na população mais fragilizada e temor junto aos governos e empresários.

Na quarta edição da série Brasil, 2023, o Videocast Rio Bravo apresenta uma discussão elevada a respeito desse tema. Para tanto, conta com a expertise de das convidadas desta atração, a saber: Suzana Kahn Ribeiro, vice-diretora da Coppe/UFRJ, e Tatiana Assali, diretora de programas da Natural Intelligence.

No videocast, enquanto Suzana Kahn atenta para o fato de que a preocupação com as mudanças do clima tem a ver com o presente (“O problema não é dos nossos netos; é da nossa geração”) e fala a respeito das oportunidades perdidas pelo governo brasileiro em relação a essa agenda, Tatiana Assali comenta de que maneira as empresas e o mercado financeiro podem participar de forma mais efetiva no que se refere às ações necessárias para evitar o colapso climático. “Nós não podemos segmentar os impactos do que está acontecendo. Não é só a empresa. Não é só o mercado financeiro. O impacto é generalizado”.